sábado, 13 de dezembro de 2014

Torre do Tombo: Informação oficial para sorrir (mas com pena)!

Existem dias em que escrevemos para as Instituições Nacionais e pedimos para que corrijam as informações que lá colocam. Mas existem outros que nos apetece rir com a santa ignorância oficial.
 
Hoje, por mero acaso, apareceu-me a indicação de que numa invocação a Rainha D. Leonor (entenda-se D. Leonor Teles, mulher de D. Fernando, rainha de Portugal entre 1371 e 1373, regente entre 1373 e 1375) agradecia a Santa Ana o facto de ser Rainha de Portugal. Remetia para o http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4642480. E de facto lá está escrito, a meio: «Na invocação surge a expressão "Dona Leonor, pela graça de Santa Ana rainha de Portugal"» e aqui fica uma cópia da informação para memória futura:


 Clicando na imagem ela fica no tamanho original

Como é fornecida a imagem do documento fui ver (pensando vou fazer uma página dedicada à nossa colega Ana).
E para grande minha surpresa não é isso que lá está escrito.
Aqui fica a imagem do documento:
 


E agora o pormenor da «invocação» ou antes da titulatura da Rainha

 Dona Leonor pela gra de Santa Maria Reynha de Portugal e do algarue
 
O leitor repare por favor, no mesmo sinal de abreviatura das letras «ar» (em que está um «a» aberto (mais parecido com um «u» de hoje) ligado ao sinal de abreviatura) se encontra-se por cima abreviando as letras em falta na palavra «Maria» e na palavra algarve (que está escrito com um «u» que na época valia de «v»).
 
Se o Arquivo Nacional da Torre do Tombo faz uma chamada deste tipo para um documento da sua coleção, é natural que os investigadores façam artigos a dizer exatamente o mesmo. Depois culpa-se o investigador, mas afinal a culpa é do Arquivo.
 
Mas as anedotas sobre o documento ainda não acabaram. Coloca o Arquivo como referência do documento: "Carta de mercê que a rainha D. Leonor fez ao Mosteiro de Alcobaça de umas sainhas [?] reguengas em Frielas e Sacavém" com um grande ponto de interrogação depois da palavra sainhas... devem ter pensado como é que a Rainha doa «sainhas reguengas» (será que pensaram que eram uma saia pequena da rainha, para colocarem o [?])... bastava consultarem a Grande Enciclopédia para verem que Sainha é uma corrupção de «salina» onde existem cristais de sal. 
 
P.S. de aditamento

No http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4642496 volta a dizer que é por graça de Santa Ana.
 

Cromos - 30

Cromo sobre Alfred Nobel, dos chocolates Guérin-Boutron 

Linda-a-Velha

Dois aspetos da antiga Linda-a-Velha, esmagados pelas novas construções sem plano.

Do Outono

antes que termine.

Clarice Lispector: A Hora da Estrela, 
exposição temporária na Gulbenkian, em 2013.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

«A dónde te escondiste»...



A dónde te escondiste, amado,
y me dejaste con gemido?
Como el ciervo huiste
habiéndome herido;
salí tras ti, clamando, e eras ido.

São João da Cruz, início de Canto Espiritual

O Papa


«No último livro que me é consagrado, fiquei surpreendido por encontrar um artigo de Jean Paulhan. Jean Paulhan era com efeito um dos principais personagens da N.R.F. Chamavam-lhe o Papa.
«Nunca o encontrei. Nunca li nada dele. Ele começa o seu artigo com elogios mas conclui que o que me falta é o sentido do trágico. […]
«Eu falo muito do trágico. Penso mesmo que ele deve ter mesmo encontrado, o trágico quotidiano, nos escritórios da N.R.F.
«Ele já visitou um hospital? Já assistiu, quer num posto de polícia, quer na P.J., a um interrogatório?
«Este trágico quotidiano é que me toca e não aquele dos grandes períodos inflamados, nem o das dúvidas ou das angústias filosóficas.
«O que me surpreendeu, foi que Jean Paulhan me tenha lido. […]
«A que ponto lhe terei parecido vulgar?»
Simenon – Des traces de pas. Paris: Presses de la Cité, imp. 1975, p. 26-27


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Elas já andam por aí, as receitas das Tias


Finalmente, as receitas das Tias saíram para a rua e a coisa parece estar a correr bem! Este é o primeiro de muitos passos que queremos dar a este projeto que começou a ser pensado há um ano, entre dois amigos. Se ele gosta de culinária (um dos seus hobbies prediletos) e ela tem talento (e formação) para o marketing, porquê não unirem esforços e lançarem-se num desafio que pode revelar-se muito gratificante? Foi o que fizeram. Agora o caminho é sempre em frente e ver o que acontece. Para já estreamos com seis variedades de compotas. São elas: Compota de laranja; compota de laranja, cenoura e gengibre; compota de chocolate e pêra rocha; compota de tomate e passas; compota de cebola roxa e compota de cebola rocha com tâmaras. Ah, e não faltam as famosas Areias de Cascais que uma vez aberta a embalagem, é vê-las desaparecer...
Brevemente, o site das Tias estará operacional com toda a informação sobre o projeto, a história das Tias que com as suas receitas deram alma ao projeto, imagens de fazer crescer água na boca e loja virtual.
Ao nosso Luís, muito obrigado por ter autorizado esta divulgação.

Auto-retrato(s) - 212

Paul Valéry - aurorretrato

«La mer, la mer, toujours recommencée!»
Paul Valéry
(verso de Le cemitière marin)

Para APS.


Elegâncias - 114


Três maravilhas que estavam há dias na montra da Love na Av. de Roma.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Malala Yousafzai

Recebeu hoje o Nobel da Paz.

No Teatro de São Carlos

Gala de beneficência
Teatro Nacional de São Carlos e a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica promovem a realização de uma Gala de angariação de fundos, sexta-feira, às 21 horas.

imagem

Preparados para as receber?



Atenção que elas estão a chegar! E vêm decididas a arrasar porque são únicas, irresistíveis, diferentes de tudo aquilo que já se viu. Valeu a pena a espera e agora é tempo de partilhar. 
Já começou a contagem decrescente: 3, 2, 1...

No Dia Internacional dos Direitos Humanos

https://antonioabernu.wordpress.com/tag/escrita/

Novidades


Ora aqui está um presente que talvez ofereça a mim mesmo, em lembrança da criança eterna que deve estar dentro de nós :)

Citações



(...) Quando falamos de corrupção e de negócios de extração de valor, falamos de foras da lei e de foras da ética. Poucas pessoas repararam mas três banqueiros foram forçados pelo Banco de Portugal a deixar de o ser : António Guerreiro, Luísa Antas e Pedro Santos foram acusados de coisa comparável ao caso BPP, prática dolosa de falsificação de contabilidade, inobservância de regras contabilísticas e prestação de informação falsa, depois de terem escondido prejuízos do Banco Finantia em offshores. Credo!
Portugal não é só isto e um dia há de deixar de ser sobretudo isto. Nesse dia voltaremos a enumerar os bandidos em vez de listarmos os sérios. Aqui, toda a gente pode atirar a primeira pedra. Debaixo dela encontrará o que não queria ver. E, no entanto, quase sempre é quem esperávamos ver.

- Pedro Santos Guerreiro, no Expresso do passado Sábado.

Um quadro por dia


Foi em 1920, quando passava férias com a sua mãe em Vaucresson, que Édouard Vuillard ( 1868-1940 ) pintou esta pequena tela ( 37x26,5cm ) a que chamou La chambre de Madame Vuillard. Foi vendida há dois dias em Paris, por 72 000 euros.

Humor pela manhã


A principal revelação da maratona parlamentar de ontem .

Harry Crosby

Harry e Polly Crosby, Paris, set. 1922

Busto de Harry Crosby, feito por Caresse Crosby

Poeta e editor, nasceu em boston em 4 de junho de 1898. Filho de banqueiros, participou como voluntário na I Guerra Mundial, onde dirigia ambulâncias. Escapando ileso de um ataque da artilharia alemã que destruiu a ambulância que guiava, Crosby declarou que naquele momento deixara de ser um garoto e transforma-se num homem. O que viveu na Guerra sempre o atormentou.
Depois da Guerra, casou com Polly Peabody e vai viver para Paris, onde ambos fundam as Éditions Narcisse e mais tarde a Black Sun Press. Estas editoras publicaram, entre outras, obras do próprio casal e de Hart Crane, D. H. Lawrence, Ernest Hemingway, Laurence Sterne, Kay Boyle, James Joyce, René Crevel e T. S. Eliot.
Paris: Ed. Narcisse, 1927
O primeiro livro publicado pelas Ed. Narcisse. O da foto é o exemplar n.º 27 de uma edição de 44 exemplares.

Paris: Ed. Narcisse, 1927
Dois desenhos de Alaistar de Red Skeletons.

Paris: Ed. Narcisse, 1927
Duas das três aguarelas de François Quelvée que ilustram o livro de Caresse Crosby.

Paris: Ed. Narcisse, 1928
Uma edição de 200 exemplares.

Uma das placas feitas  em papel prateado por Jacomet a partir de desenhos de Alaistar.
The fall of the House of Usher, de Edgar Allan Poe.
Paris: Ed. Narcisse, 1928
Foi vendida na Christie's, em 2004, por $3436,00.
Outra il. de Alaistar para a mesma obra.

Paris: The Black Sun Press, 1928

Harry e Caresse Crosby - Hindu love manual. Paris: The Black Sun Press, [1928]

Paris: The Black Sun Press, 1929

Frontespício de Brancusi para a obra de James Joyce.
Paris: The Black Sun Press, 1929

Il. de John_Farleigh para o livro de D. H. Lawrence.
Paris: The Black Sun Press, 1929

Ed. com il. de Polia Chentoff
Paris: The Black Sun Press, 1929

No dia 10 de dezembro de 1929, suicidou-se, juntamente com uma amante chamada Josephine, num hotel de Nova Iorque.
Poemas seus foram incluídos na antologia da poesia norte-americana de vanguarda, organizada por Rothenberg, Revolution of the Word: A New Gathering of American Avant Garde Poetry 1914-1945, publicada em 2009.

Carlos Nascimento


Eu não conhecia Carlos Nascimento. E vocês?
«Manuel Carlos George Nascimento (Carlos Nascimento) nasceu na ilha do Corvo no dia 18 de abril de 1885. Depois de passar toda a infância na ilha, em 1905, com 20 anos de idade, mudou-se para o Chile para trabalhar com Juan Nascimento, seu tio, na sua livraria. Em 1917, após a morte de Juan Nascimento, recebeu como herança parte da livraria. Adquiriu as restantes partes do negócio e tornou-se no único proprietário da livraria. A impressão da segunda edição do livro Jeografía Elemental, de Luís Caviédes, foi a primeiro trabalho que a Editorial Nascimento realizou. Em 1923 criou a sua própria editora. 
«Carlos Nascimento foi o primeiro editor a trabalhar com o poeta chileno Pablo Neruda, Nobel da Literatura em 1971, na sua obra “Crepusculário”, a primeira do poeta, em 1923. 
«A sua editora, extinta em 1986, publicou mais de cinco mil títulos, entre eles a série autobiográfica Quién es Quién en las letras chilenas?, um ciclo de conferencias realizadas pela “Agrupación de Amigos del Libro”, entre 1976 e 1985, onde cada um dos escritores convidados, grandes nomes da literatura chilena, realizava uma autobiografia. 
«Carlos Nascimento faleceu no dia 12 de Janeiro de 1966.»
http://www.notaveisazores.com/index.php?static=personalidades&action=verPersonalidade&personalidade_id=326

Livraria Nascimento, na calle Ahumada, ca 1920






Abre hoje na Biblioteca Nacional de Chile uma exposição sobre a Editorial Nascimento. E Felipe Reys escreveu uma biografia, Nascimento, el editor de los chilenos, que, infelizmente, não conheço.