Prosimetron

Prosimetron

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Um quadro por dia



Em 1940, Oscar Stettiner, um judeu dono de uma galeria de arte, conseguiu abandonar Paris antes da entrada das tropas nazis na capital francesa . Para trás deixou uma fantástica colecção de arte, onde se incluía um quadro de Amedeo Modigliani, " Homem sentado com bengala " . Em 2008, o quadro reapareceu num leilão da Sotheby's em Nova Iorque. O único herdeiro vivo de Oscar Stettiner iniciou uma batalha legal para tentar provar que o quadro pertencia ao seu antepassado e tinha sido roubado pelas tropas nazis . Quando os seus advogados começaram a tentar deslindar o caso esbarraram na Mossack Fonseca .
Os novos " donos " do quadro , uma família de herdeiros nova-iorquinos, alegaram que afinal não eram os reais proprietários e que a pintura pertencia a uma empresa sediada no Panamá, a IAC, e , como tal, não podia ser processada nos EUA . O leilão do quadro foi proibido e o caso arrastou-se até hoje nos tribunais americanos .
Desde essa altura que " Homem sentado com bengala " está fechado num armazém de 145 mil metros quadrados da IAC na Suiça. Ao lado do Modigliani estão mais cinco mil obras de arte, entre as quais trezentos Picassos .
Os Panama Papers são o elemento decisivo para desmascarar negociantes, marchands e advogados que nunca se importaram de usar todo o tipo de esquemas legais para ocultar obras de arte e proprietários (...)

- Ricardo Costa, no Expresso do passado Sábado .

6 comentários:

Miss Tolstoi disse...

No outro dia ouvi um advogado na televisão afirmar que as pessoas nem percebem a trapalhada que pode haver com as heranças nos offshores. Os herdeiros podem ficar sem nada, se não souberem que os offshores existem. Só não percebi quem seriam os beneficiários. A empresa de advogados?

Aqui o caso é diferente. O que irá acontecer?

LUIS BARATA disse...

Exactamente, Miss Tolstoi . Não só heranças como grandes problemas em divórcios, e não são poucas as vezes em que advogados e outros intermediários pouco escrupulosos enriquecem à custa de desprevenidos herdeiros e cônjuges ...

bea disse...

A burla é mundial. Estou fartíssima de ouvir falar de off shores e digo como o Pacheco Pereira, acabem com elas. Mas não vão acabar. Senão quando inventem outras que tais, mas com nome diferente e noutro lugar. Estamos entregues aos bichos mesmo antes da morte. Tal não é isto ham?!

Não sonhou nunca Modigliani com voltas tão imprevistas do senhor de bengala e que até está sentado. Nem com tanto dinheiro empatado no que pintou e tanto jeito lhe teria dado em vida. Ò sorte macaca com que algumas pessoas vêm ao mundo.

Miss Tolstoi disse...

Em caso de divórcios é intencionalmente que colocam o dinheiro nos offshores. Já no caso das heranças, as pessoas devem pensar que não morrem. :)

LUIS BARATA disse...

É sempre intencionalmente , o que eu quis dizer foi que às vezes não corre bem porque os intermediários e os testas de ferro aproveitam-se .

MR disse...

Um lindo quadro de Modigliani.
Não sabia nada sobre Oscar Stettiner. Mas vi na net que o quadro pertence(ia?) a um negociante de arte libanês David Nahmad que entretanto o deve ter vendido ao nova-iorquino.
Com tanta peripécia, qualquer dia temos filme. :)