Lisboa: CLEPUL, 2011
Ofereceram-me
Érico Veríssimo: Um romancista brasileiro, a segunda dissertação de licenciatura de Mário Dionísio, apresentada em 1939. A primeira, em 1938, tinha sido sobre a «Ode Marítima» de Álvaro de Campos, quando Fernando Pessoa não tinha 'entrada' na Faculdade de Letras, lpgo Mário Dionísio foi reprovado.
O livro conta com apresentação, edição e revisão de Vania Pinheiro Chaves e com uma introdução de João Marques Lopes que escreve. «Esta tese insere-se na atmosfera literário-intelectual que acabámos de descrever e parece-nos relevante por três razões: Primo: provavelmente, foi durante décadas o trabalho português que mais aprofundou o tema do posteriormente chamado romance brasileiro de 30, sobretudo na sua feição de denúncia social regionalista. Secundo: desenvolveu a superação de certos binómios e equações para marcar a abertura de uma nova posição no campo intelectual de então. Tértio: abordou os romances de Érico Veríssimo com uma invulgar profundidade em questões de ordem narratológica e “sociológica”…»
(João Marques Lopes)
Penso que já várias vezes aqui referi que gosto muito de Érico Veríssimo que li muito na minha adolescência e continuo a ler. O primeiro livro que li dele penso que foi
Olhai os lírios do campo, a que se seguiu
Clarissa, um livro que ofereço muito a adolescentes do género feminino. Os últimos comprei-os em alfarrabistas e na net porque está esgotado há anos. Espero que a Livros do Brasil, que está a reeditar muitas obras do seu fundo, reedite Érico Veríssimo.
Clarissa (1933) foi o primeiro romance eu o autor escreveu. Mas o meu preferido é
Olhai os lírios do campo.
«Clarissa é um livro de ambiente limitado. [...] Porém, o problema central do livro é Clarissa. E o problema reveste-se de suma importância porque Clarissa é tomada naquele período difícil de tratar da transformação da criança em mulher. Talvez qe não seja exagerado nem extremamente literário dizer que esta transformação é dada duma maneira musical. [...] A descoberta da criança que vai, aos poucos, tomando conhecimento do que a rodeia, dos que a rodeiam, uma contínua surpresa, cada dia maior, maior.» (Mário Dionísio, p. 62-63)
Mário Dionísio faz na introdução a esta sua pequena tese considerações sobre o estudo da literatura da antiga Faculdade de Letras, sobre os antigos e os modernos. Pelo que se vê, em quase cem anos não se tinha avançado nada.