sexta-feira, 23 de maio de 2008

AS ESCOLHAS DE HELMUT SCHMIDT


Na opinião dos alemães, Helmut Schmidt é “a cabeça mais inteligente” do actual panorama dos políticos germânicos. Aos 89 anos, continua a escrever. Seus artigos são referência para a opinião pública, seus livros best-sellers. Nas entrevistas à televisão, apresenta-se como interlocutor por vezes difícil e polémico, mas interessante em todo o caso. Na passada terça-feira, foi convidado para um programa da estação de televisão pública ARD. Uma breve síntese de algumas considerações deste político:

A intromissão de governos estrangeiros na política interna de um país significa normalmente o início de um conflito. Por isso, não é aconselhável. Tal papel é reservado aos filósofos ou pregadores. O mesmo aplica-se à política que a China segue para com o Tibete. Uma intromissão internacional teria, talvez, resultado em 1938, se países como os Estados Unidos, a França ou o Reino Unido tivessem actuado contra Hitler aquando da anexação da Checoslováquia, em vez de insistirem na sua política de apaziguamento. Talvez só naquela altura.

Os Estados Unidos já deram oportunidades a políticos de cor, tal como a Condoleezza Rice ou Colin Powell. A eleição de Obama para Presidente seria um facto em si desejável (Schmidt fala de cor de castanho de café, ao referir-se a Obama...)

Interrogado sobre a importância das religiões hoje em dia, comenta Schmidt, protestante luterano, ter conhecido outras religiões ao longo dos últimos 25 anos. O Budismo impressiona pelo valor que dá à vida e à tolerância com o próximo. Há que ter presente que, em nome do Cristianismo, muito de mau aconteceu. A primeira guerra mundial foi disputada exclusivamente entre nações cristãs – não propriamente um bom exemplo do Cristianismo.

A locutora do programa (Sandra Maischberger) dirige-se a Schmidt perguntando: “Visto de uma perspectiva exterior, parece ter tido uma vida muito realizada. Parece ser feliz” .
Schmidt responde: “Sim, tive uma vida feliz e realizada. Até agora pelo menos. Embora não saiba como vai acabar.”

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