domingo, 4 de maio de 2008

O último herói de 20 de Julho de 1944




Aos 90 anos morreu, no passado dia 1 de Maio, Philipp Freiherr von Boeselager, o último sobrevivente do grupo de oficiais alemães que, sob a autoria de Henning von Treschkow e Claus Schenk Graf von Stauffenberg, tentou pôr fim à vida de Hitler a 20 de Julho de 1944.

Ainda na véspera do seu falecimento, disse ao seu amigo e conhecido editor alemão Friedrich-Karl-Sandmann: "Em vez de esperar pela execução do atentado em Julho de 1944, deveria ter morto Hitler uns meses antes, quando estava a uma distância de apenas 50 a 60 centímetros dele."

Profundamente católico, muito cedo duvida dos objectivos do regime. Em Dezembro de 1941, é destacado como oficial para a frente leste contra a União Soviética. Toma conhecimento da dimensão do extermínio sistemático de judeus e ciganos pela maquinaria do regime. A 30 de Outubro de 1942, Henning von Treschkow, chefe de estado-maior na frente, pergunta-lhe se estaria disposto a preparar um atentado contra Hitler. Von Boeselager responde imediatamente que sim.

A primeira oportunidade dá-se a 13 de Março de 1943, quando Hitler visita a frente. Philipp e seu irmão Georg tencionam disparar contra o "Führer". Contudo, algumas chefias, envolvidas neste plano, proíbem a execução do atentado no último momento.

Em Janeiro de 1944, é-lhe dada a "missão" de encontrar o explosivo para o atentado de Julho de 1944. O explosivo seria de origem inglesa. A 18 de Julho, von Boeselager comanda um regimento de cavalaria de 1200 homens a caminho de Brest-Litowsk. O plano seria o de continuar em camiões até Varsóvia para depois, por via aérea, chegar a uma Berlim já sem o "Führer".

O fracasso do atentado de 20 de Julho de 1944 marca o fim trágico da resistência contra Hitler e o regime. Von Boeselager sobrevive, os outros conjurados, ainda que torturados, não o denunciam.

Numa entrevista recente à televisão pública alemã, von Boeselager indicou o extermínio dos judeus como motivo principal da sua oposição. Referiu ainda: “Os oficiais sabiam que era impossível vencer a guerra. Participei no atentado, pois um bom soldado deve saber quando terminar uma guerra”.

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