" As festas dos santos de Junho são denominadas por «ciclo de S.João». Isto porque se dá especial importância a este santo, o único que, tal como Jesus, se celebra no dia do seu nascimento e não no da sua morte. Esse estatuto privilegiado tem a ver com o facto de ter sido S.João quem baptizou Jesus Cristo e por ter pregado a lei de Deus antes do Salvador, elevando a celebração do seu dia a um plano equivalente ao da celebração do dia do nascimento de Cristo.No entanto, este ciclo, mais vulgarmente conhecido por «santos populares» , ocupa praticamente todo o mês de Junho, com início na véspera do dia 13, dia de Santo António. Os festejos a Santo António, São João e São Pedro não devem ser entendidos como três festas isoladas, mas sim como três momentos do mesmo ciclo festivo. Um ciclo festivo que tem uma dupla dimensão: por um lado, a sua importância bíblica, e por outro, a tradição popular. Vejamos o caso do dia de S.João, que pretende celebrar o nascimento e vida do Santo Precursor, mas cujos festejos populares se afastam da imagem do austero pregador que baptizou Cristo. Ao contrário, celebra-se um S.João brejeiro e casamenteiro, que gosta do convívio popular, que protege as solteiras e as ajuda a descobrir se e com quem se vão casar. Há também uma certa duplicidade nas comemorações de S.Pedro. Enquanto as populações costeiras veneram S.Pedro pescador, as populações não marítimas celebram outra faceta do Santo, a de porteiro do Céu. Também Santo António é , na tradição popular, um santo brincalhão e alegre, sempre pronto a intervir na vida quotidiana e, como S.João, casamenteiro.
Apesar do S.João ser o santo mais celebrado é, tal como S.Pedro, mais festejado no Norte, destacando-se a importância festiva do Porto e Braga. Santo António revela a sua importância mais ao sul, especialmente em Lisboa. "
- Adriana Bolito e Teresa Pais, Christus , Nº 3 , Ano 1 .
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