quinta-feira, 7 de agosto de 2008

[Em todas as ruas te procuro...]

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny

8 comentários:

  1. Um lindo poema de um grande poeta!
    Miss Tolstoi

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  2. Olá Miss Tolstoi. Como tenho amigos também me chegou um cd com uma ópera de Prokofiev...

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  3. Também gostava de ter uns amigos assim...
    E qual foi a ópera? «O Amor das Três Laranjas» (ou será «O amor por Três Laranjas»?), «O Casamento no Convento»?... Não me diga que foi «Guerra e Paz». Só pode ter sido. Nunca ouvi «O Jogador», mas vou ao YouTube, por onde vocês passam a vida, pode ser que esteja lá. A verdade é que eu também passei a frequentar o YouTube.

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  4. Com Fraternidade vamos, aos poucos, cimentando a amizade. A Fraternidade é o conceito mais dificil de colocar em prática. Todos sabemos dizer o que é a Liberdade... (aplicando-a, ou não); todos sabemos (ou julgamos saber) o que é a Igualdade ...; Fraternidade é mais dificil, é preciso deixar cair muitos e muitos conceitos e preconceitos do quotidiano para na verdade se ser, ou tentar ser, fraterno. Tenho a sorte de ter e de receber FRATERNIDADE. Assim a consiga eu também dar. E quem me deu "Guerra & Paz" (de Prokofiev) é a pessoa mais fraterna do mundo (desconfio é que essa pessoa tem mais heterónimos (não pseudónimos) do que F. Pessoa).

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  5. «Cada um revela o que é pelos amigos que tem» - dizia Flaubert, segundo li num papelinho que vinha num bombom Bacio, os meus preferidos.

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  6. Na noite profunda
    Surgiu um grito de dor
    Ódio, amor, ódio_amor

    É como se cada folha do mal-me-quer cantasse:
    Ódio
    Amor
    Ódio
    Amor.

    Sete pétalas caíram no chão,
    Não foi na Ácropole embora se entoasse
    No cimo de um monte de catorze andares:
    Ódio
    Amor
    Ódio
    Amor.

    Procura-se a noite, a rua, os mistérios no chão
    Desenhados por quem a calcorreia
    Ódio
    Amor
    Ódio
    Amor

    Antinomia profunda
    Ódio versus mal
    Amor versus bem
    Mal
    Bem
    Mal
    Bem.

    Palavras sem sentido escritas pela mão
    De uma criança
    Que Corre à procura de quem a ensine
    A entar na Escola de Atenas.

    Ódio e amor fraternal
    Ódio e amor
    Saboreados numa noite quente de Verão.

    ARA

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  7. Para ARA.
    O problema é a dicotomia. Não os oponha. Faça com que o Amor e o Bem exitam e apague, dentro de si, o Mal e o Ódio... Quando conseguir isso consegue chegar à Escola de Atenas! Porque a Escola da Sabedoria está dentro de cada um de nós. Não esqueça que o Bem e o Mal são relativos (assim como a Verdade). Dependem do ângulo em que se situa o observador. Já o Amor e o Ódio, que cada um sente, dependem apenas da vontade própria [os outros não tem culpa do nosso desejo ou da nossa vontade]. Escute a sua consciência e veja onde acaba o sonho e começa a realidade!

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  8. Para Miss Tolstoi
    Obrigado pelas suas palavras. Na verdade é preciso dar para receber... tenho que tentar dar mais.

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