quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sobre o Serviço Nacional de Saúde

" (...) Primeiro, os directores de serviços hospitalares devem estar em regime de exclusividade, pelo tempo que devem dedicar ao serviço e para evitar conflitos de interesses. Até agora, sempre que o Governo tentou, deixou-se atemorizar. Não há que ter medo de perder os melhores, já que dispomos de muitos profissionais competentes e dedicados. Segundo, é urgente repor e valorizar as carreiras médicas para não criar incertezas desmobilizadoras. Terceiro, leva dez anos a formar um médico num sistema público : não faz sentido que, ao fim desses anos, o sistema privado se aproprie de todo esse investimento e o transforme em lucro. Os médicos deveriam ser obrigados a ficar no serviço público por um período razoável. Quarto, devem aprofundar-se as formas de contratualização nos serviços públicos- desde que não passem pelas parasitárias empresas de fornecedores de médicos- para permitir a redução das listas de espera, como aconteceu recentemente em oftalmologia.
Quinto, não há nenhuma razão para que uma lâmpada num sistema de imagiologia leve mais tempo a substituir no sistema público que no sistema privado. (...) "

- Boaventura de Sousa Santos, Saúde: do serviço ao negócio, in VISÃO, 28 de Agosto

Eu , que tantas vezes discordo dele, desta vez tiro o chapéu ao Prof.Boaventura quanto a este artigo sobre o serviço nacional de saúde e as relações deste com os privados.

11 comentários:

  1. Em relação a esta notícia concordo inteiramente com o Prof.Boaventura de Sousa Santos.

    Partilho da sua opinião, nunca estive em sintonia com ele.

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  2. Também concordo com o comentário do Luís Barata.
    M.

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  3. Lamento discordar. Diz BSS que um médico leva dez anos a formar no sistema público, não devendo o privado apropriar-se desse investimento, pelo que o médico deveria ser obrigado a permanecer um tempo razoável ao serviço público. Onde está a formação médica no sistema privado? Não há porque o Estado não deixa.
    E nesta pespectiva, todo e qualquer formado no sistema público- a esmagadora maioria - deveria prestar serviço público por um tempo razoável(?). Isto cheira-me muito a URSS reciclada.

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  4. Ainda bem que não há ensino de Medicina nas universidades privadas. Se os cursos de humanidades são o que são nestas universidades, imagine-se o que seria o de Medicina. As pessoas dizerem uns disparates nas áreas da História ou da Filosofia, traduzirem mal, etc., não é tão mau como «matarem» pessoas ou deixarem-nas incapacitadas...
    Os hospitais privados não vão buscar médicos acabados de formar. Vão buscar aqueles que trabalharam nos hospitais públicos - que têm certos serviços que, por serem demasido dispendiosos os hospitais privados não têm - e que aí «fizeram» nome.
    Por alguma razão os médicos continuam a aconselhar os seus doentes, em casos graves, a irem para os hospitais públicos...
    M.

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  5. Conheço vários casos em que pessoas que foram operadas em clínicas ou hospitais privados, foram transferidas para os públicos porque os casos se complicaram.
    M.

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  6. Eu sou pela livre concorrência,até na saúde, desde que sejam cumpridas as boas práticas do sector,agora o que não posso aceitar são algumas exigências feitas pelos privados como descreve o Boaventura Sousa Santos no artigo que merece ser lido na íntegra.

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  7. Eu sou pela livre concorrência,até na saúde, desde que sejam cumpridas as boas práticas do sector,agora o que não posso aceitar são algumas exigências feitas pelos privados como descreve o Boaventura Sousa Santos no artigo que merece ser lido na íntegra.

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  8. Peço desculpa pela repetição, foi um "erro técnico".

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  9. Livre concorrência, tudo bem. Mas descobriram agora que a saúde pode ser um negócio para ganharem dinheiro. Mas fazem-no à custa do SNS. E vivem também à custa do SNS.
    Outra situação, que não tem a ver com a saúde, refere-se aos agricultores. Querem «menos Estado», não seguram as colheitas, e quando há uma cheia ou uma seca, lá vêm com a lengalenga de que o Estado tem de os apoiar. Então em que ficamos? O «menos Estado» é só para os deveres porque em relação a direitos já acham que o Estado lhe deve tudo. Não há pachorra...
    M.

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  10. Como não li o artigo do BSS só posso cingir-me ao que li no post. Mas isso não me impede de continuar a discordar desta "imposição" ideologica -porque se trata de ideologia, mais nada - de que o que é bom é o público. Fui operado num privado e só posso dizer bem. Conheço inúmeros casos de intervenções que correram mal nos hospitais públicos e não é por isso que sou contra o sistema público. Sou é a favor da livre concorrência entre ambos os sistemas, com o Estado com a função de regulador exigente.
    E quanto ao ensino superior privado, há Universidades e Universidades privadas, como também há muitas deficiências nas públicas como M. deve saber, porque certamente conhece muitos licenciados no ensino público que, nas Humanidades como refere, só diz e,pior, escreve e publica disparates.

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  11. Enquanto escrevia o meu comentário, M. postou mais um, agora referindo-se à agricultura. Pois é. É a cultura, que já vem do Estado Novo e o socialismo reforçou, do Estado todo poderoso, patrão e pai. Claro que é um contra-senso, sobretudo para os que se consideram "liberais" e lá apelam ao Estado, sempre que chove ou deixa de chover. De facto não há pachorra, em para uns nem os outros.

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