e outro silêncio enquanto o som repousa:
desfez-se o rebordo numa espuma.
de que sombra dos sons se faz a rosa?
da matéria das sombras? de nenhuma?
de que fosco murmúrio, cristal, bruma?
de que espirais da noite vagorosa?
do coração desfeito? ou não costuma
a luz gravar-se em sombras numa lousa?
coração rouco, o coração. falhada,
a voz vinda do vento se desate
num ramo de penumbras, descontínuo
o mundo passe a ser feito de nada,
só de efémeras rosas a rebate,
como gritos de sangue no destino.
- Vasco Graça Moura, SONETOS FAMILIARES, 2ªed, Quetzal Editores, 1999.
É com gosto que leio os sonetos de Vasco Graça Moura.´
ResponderEliminarDá para ter uma manhã mais luminosa, neste caso, perfumada!
Envio-lhe este excerto de um poema de José Gomes Ferreira:
"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, nalgum lugar..."
In, Livro Rosa do Mundo. (Não preciso a página porque o retirei há uns tempos da net, sem referência, é lamentável, eu sei.)
Muito obrigado.É pena o J.Gomes Ferreira estar algo esquecido pelas novas gerações.
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