sábado, 11 de outubro de 2008

Herberto Helder

5 comentários:

  1. Vim ao blogue para colocar um poema do Herberto Helder e tive esta surpresa. Adorei!
    Hoje um amigo especial - «The Special One»* -, ofereceu-me «A faca não corta o fogo». Obrig.! Tenho estado a folheá-lo: belíssimos poemas. Escolhi este:

    para que venha alguém no estio e lhe [arranque o coração,
    e o devore,
    e o gosto seja tão abundante que lhe magoe a [boca
    e tudo quanto nela se apoie:
    soluço, respiração, idioma,
    e abale os modos nada cuidadosos do corpo:
    o fruto onde o cacto se concentra,
    o cacto que frutifica uma só vez na vida.

    In: A faca não corta o fogo. Lisboa: Assírio & Alvim, 2008, p. 153-154

    Quem me ofereceu o livro chamou-me a atenção para o pema final: «na morte de Mário Cesariny».
    Obrig. mais uma vez,
    M.

    * Não pensem aque é esse, o que é conecido nos jornais por «The special one»...

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  2. para que venha alguém no estio e lhe arranque o [coração,
    e o devore,
    e o gosto seja tão abundante que lhe magoe a [boca
    e tudo quanto nela se apoie:
    soluço, respiração, idioma,
    e abale os modos nada cuidadosos do corpo:
    o fruto onde o cacto se concentra,
    o cacto que frutifica uma só vez na vida

    Herberto Helder
    In: A faca não corta o fogo. Lisboa: Assírio & Alvim, 2008, p. 153-154

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  3. VII - AS MUSAS CEGAS
    "Bate-me à porta, em mim, primeiro devagar.
    Sempre devagar, desde o começo, mas ressoando depois, ressoando violentamente pelos corredores
    e paredes e pátios desta própria casa
    que eu sou. Que eu serei até não sei quando.
    É uma doce pancada à porta, alguma coisa
    que desfaz e refaz um homem. Uma pancada
    breve, breve-
    E eu estremeo como um archote.(...)"

    Vai um excerto porque é longo.
    Heberto Heder, Poesia Toda, Lisboa: Assírio e Alvim, 1981, p.111.

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  4. Onde se lê estremeo deverá ler-se estremeço.

    Obrigada pela informação do bailado. Gosto de tango...em minha casa ouvia-se muito, embora, não fosse eu a colocá-lo no gira-discos (um móvel dos anos 50).

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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