De mãos nos bolso e de olhar distante,
Jeito de marinheiro ou de soldado,
Era um rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Perguntei-lhe quem era e ele me disse
“Sou do monte, Senhor, e um seu criado”.
Pobre rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Porque me assaltam turvos pensamentos?
Na minha frente estava um condenado.
Vai-te, rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Ouvindo-me, quedou-se o bravo moço,
Indiferente à raiva do meu brado,
E ali ficou de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Soube depois ali que se perdera
Esse que só eu pudera ter salvado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Poema: Pedro Homem de Mello
Musica: Frei Hermano da Câmara
O Frei Hermano da Câmara não é «my cup of tea». Já sabe, quando tomarmos chá, pode ser Rooibos (muito bom o da Rotbuschtee, passe a publicidade), acompanhado por um cha cha cha, como alguém aqui sugeriu...
ResponderEliminarE de conventual, só doces...
Também gosto de música sacra, mas mais do «estilo» Mozart.
Eu coloquei foi o poema de Pedro Homem de Melo. O resto veio por acréscimo...
ResponderEliminarCara miss Tolstoi: Também nunca sei quando será a sua "cup of tea" (parece mais uma inglesa do que uma russa... será?). Até agora é só conversa... é só blá... blá... vamos a ver se algum dia tem coragem... lá bom corpo (do pescoço para baixo) parece ter(segundo a foto).
ResponderEliminarO poema é lindo!
ResponderEliminarQuanto ao fado, gosto mais das vozes de Vicente da Câmara e de Nuno da Câmara Pereira.
Valorizo Frei Hermano da Câmara porque tornou-se beneditino e canta para promover a paz. Admiro quem tem vocação e crê porque gostava de crer.
Aprecio música sacra mas não é comparável.
Então, e a carinha não é laroca?
ResponderEliminarO corpinho (da foto) é da Audrey Hepburn. Unfortunatly...
Esqueci-me de dizer que gosto da poesia do Pedro Homem de Melo. E também gosto da Amália a cantá-lo.
ResponderEliminarCarinha laroca? Um miminho do Toni Carreira:
ResponderEliminarCARINHA LAROCA
Vou deixar-te louca,
Carinha laroca, carinha laroca
Com água na boca,
Carinha laroca, carinha laroca
Vais-me dar em troca,
Carinha laroca, carinha laroca
Um beijo na boca,
Carinha laroca, carinha laroca
Eu perco o juízo com o teu sorriso,
Com o teu sorriso
Fico a desmaiar, com o teu olhar,
Com o teu olhar
Cara de anjo, só de mim não tens dó,
De mim não tens dó
Mas se um dia te entregas, já não me dás regras,
Já não me dás regras
(Refrão)
Pára de fugir, não vais resistir,
Não vais resistir
Entrega-te lá, não sejas tão má,
Não sejas tão má
Cara de anjo, só de mim não tens dó,
De mim não tens dó
Mas se um dia te entregas, já não me dás regras,
Já não me dás regras
«DEIXA-ME RIR», às gargalhadas, diria o Jorge Palma.
ResponderEliminarPara ver em:
http://www.youtube.com/watch?v=X0PHQ7tzzBs
DEIXA-ME RIR
Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa, do Sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender
Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor
Pois é , pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira
Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
De que que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso
Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante
Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira
M.
Gosto da boa disposição que reina por este blogue, que está cada vez mais animado.
ResponderEliminarImaginemos o Toni Carreira a cantar a “Carinha Laroca” a olhar para a fotografia inspiradora de Miss Tolstoi…
Laurinda
Está visto que o Frei Hermano da Câmara atrai muitos comentários, será que passará a ser o patrono deste blogue?
ResponderEliminarCruzes canhoto!
P.S. Perdoem-me a blasfémia, acho que fui contagiado pelos comentadores que antecedem.
Credo!
ResponderEliminarM.
“Na versão cantada, o poema que Pedro Homem de Mello escreveu em 1954 vê os versos em que o homoerotismo é cristalinamente assumido serem silenciados pela censura do pudor hipócrita da cultura social vigente.
ResponderEliminar“O rapaz da camisola verde” - versão integral
“Lembro o seu vulto, esguio como espectro,
Naquela esquina, pálido encostado!
- Era um rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado...
De mãos nos bolsos e de olhar distante
Jeito de marinheiro ou de soldado...
Era o rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Quem o visse, ao passar, talvez não desse
Pelo seu ar de príncipe, exilado
Na esquina, alí, de camisa verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Perguntei quem era, ele me disse:
Sou do Monte Senhor! E seu criado...
Pobre rapaz de camisola verde
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado!
Porque me assaltam turvos pensamentos?
Na minha frente estava um condenado?
- Vai-te! Rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado!
Ouvindo-me, quedou-se, altivo, o moço,
Indiferente à raiva do meu brado,
E ali ficou de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado...
Ali ficou... E eu cínico, deixei-o
Entregue à noite, aos homens, ao pecado...
Ali ficou de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado...
Soube depois, ali, que se perdera
Esse que, eu só, pudera ter salvado!
Ai! do rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado!
PEDRO HOMEM DE MELLO
(São José Almeida, Homossexuais no Estado Novo, Sextante Editora, Porto, 2010)