Era para ter colocado este poema ontem, mas tive um lapso de memória...
APELO
Com a tarde a cair cheia de cor,
– Folhas de Outono no Choupal deserto –
Olha-te doutra maneira o meu amor,
E o teu coração pulsa mais perto…
Como que pede vida nesta hora
Uma força que em nós nos era alheia…
Uma onda que vem pelo mar fora
À procura de paz na sua areia…
Nada que seja a flor duma impureza;
É qualquer coisa de mais belo e fundo:
– Sugestão do adeus da natureza
A pedir fé no mundo.
Coimbra, 27 de Outubro de 1942
Miguel Torga
O Miguel Torga é um poeta que desde miúda acompanhei. Gosto muito dele.
ResponderEliminarEnvio-lhe um poema escolhido por mim como agradecimento.
ARIANE
Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.
Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...
Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.
Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.
Não estou junto dos meus livrso por isso consultei este site:
http://www.astormentas.com/din/poema.asp?key=2091&titulo=ARIANE
A.R.