quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Um soneto pela manhã

3.w.a.m.,texturas

digo outra vez da substância triste:
oiço um quarteto de mozart e penso
de que outono de sons se faz mais denso
o silêncio da música. persiste

uma rosa de sons, uma explosiva
mas contida espiral dilacerada,
como se o mundo fosse apenas nada
e a rosa fosse a própria alma cativa.

de que luz, de que tempo, de que espaço,
ou matéria de sombras e alegrias,
de que impurezas, de que revoltas ágeis,

se faz, ligando tudo, agora o laço,
a prender numa só as várias vias
de coisas tão efémeras e frágeis?

- Vasco Graça Moura, SONETOS FAMILIARES, Quetzal Editores, 1999.

5 comentários:

  1. Viva,
    Mozart e uma rosa iluminará o meu dia.
    A rosa é de certeza cor de marfim para condizer com a leveza, a simplicidade e a frescura da poesia de Vasco Graça Moura.
    Obrigada.

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  2. Como agradecimento envio-lhe
    uns versos escolhidos por Vasco Graça Moura:

    "Quem galopa à noite e ao vento sem tino?
    É o pai que segue com o seu menino;
    cinge-o bem nos braços para segurá-lo,
    conchega-o a si, para agasalhá-lo.
    (...)"
    Goethe [Frankfurt am Main, 1749-1832] in Vasco Graça Moura, Os Poemas da Minha Vida, Ed: Público, Lisboa, 2005, p.61.

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  3. Sou eu de novo, esqueci-me de colocar o título do poema: "O Rei dos Elfos"

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  4. Desculpe ter-me alargado nestes comentários, mas quando o nosso dia é atravessado por gente que quer gastar energias de uma forma inútil e absurda,temos tendência, quando apanhamos algo interesante, a exagerar.

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  5. Nada que pedir desculpas, tenho aprendido muito com os acréscimos dos leitores. Obrigado.

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