domingo, 5 de outubro de 2008

Uma sugestão para hoje e outros dias

No Centro de Arte Manuel de Brito, sediado no Palácio Anjos em Algés, está patente desde ontem uma exposição dedicada a Paula Rego e aos Anos 80, com obras de António Dacosta, Nadir Afonso, Júlio Pomar, Graça Morais, Menez, Nikias Skapinakias e José de Guimarães.

5 comentários:

  1. Luís,
    Obrig. pela sugestão. Talvez vá para a semana porque hoje...
    Vou-me socorrer de um poema de José Gomes Ferreira:

    (Na manhã de 5 de Outubro de 1910 vim para a rua dar «Vivas à República» com uma bandeira encarnada e verde, feita de papel de seda, presa a um cabo de vassoura.)

    A bandeira
    (a palavra bandeira)
    começou em mim
    na pele arrancada para dar sangue ao destino
    e os olhos verdes de minha Mãe
    a luzirem na infância,
    ilhas de erva incediada.

    Manhã de sol fixo
    com as ruas barricadas de olhos e bocas
    e a minha bandeira de papel de seda
    à frente do povo de espingarda às costas
    na naturalidade de comandar sonhos nos poços.

    Agora só faltava um passo,
    apenas um passo,
    para desenterrar o sol escondido no chão
    que iluminava o silêncio contente dos mortos.

    (In: Poesia V. Lisboa: Portugália, imp. 1973, p. 130)

    M.

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  2. Gosto muito do José Gomes Ferreira,
    este é mais um dos seus belos poemas. Obrigada.

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  3. Gosto de alguns trabalhos dela sobre: a infância, a família, o contraste social, o imaginário dos contos infantis (Alice no País das Maravilhas).
    Admiro tudo o que faz porque nos obriga a pensar. Sobre a colecção: o Crime do Padre Amaro, guardo boas recordações, até porque adorei o livro.
    No entanto, algumas telas são de uma violência incrível.
    A tela La Pietà, do ciclo da Virgem, é de uma beleza e tristeza que aqui deixo singularmente, embora não seja a preferida.

    Para quem quiser espreitar alguns trabalhos da Paula Rego.
    http://www.saatchi-gallery.co.uk/artists/paula_rego.htm

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  4. Olha, boa sufestão para este dia de data vazia. Obrigado.

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  5. Esqueci-me de todos os pintores que assinalou e dos quais gosto muito. Já tinha conhecimento da exposição, agradeço a usa sugestão. No entanto, entrei aqui, de novo, só para dizer a Nuno Castelo-Branco, (desculpe-me que hoje, não podemos considerar uma data vazia. O 4 para 5 de Outubro, de 1910, foi turbulento e cheio de aspirações: igualdade, fraternidade e liberdade, contra a inércia de uma monarquia desgastada. E, atenção que não estou a desprezar a monarquia. Cada coisa tem o seu tempo. Quer a monarquia, quer a república tiveram momentos bons e maus.
    Viva a Reúplica!

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