domingo, 16 de novembro de 2008

A arte do retrato: Maria Serra Pallavicino

Vincenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, permaneceu em Génova durante alguns anos no início do século XVII. O clima ameno, a localização geográfica encantadora da cidade, em particular das vilas de Sampierdarena, bem como o estilo de vida de exuberância, próprio da nobreza genovesa, atraem o Duque, que “aproveita” a estadia para angariar empréstimos bancários a fim de atenuar a situação financeira desastrosa de Mântua.

Num contexto de conflito latente entre o Duque e os banqueiros genoveses, Peter Paul Rubens desempenha um papel importante: ao serviço do Duque a partir do Verão de 1600 e como sustentáculo da campanha diplomática de Gonzaga, pinta um conjunto de quadros que nos ajudam a entender a vida e a sociedade de Génova da época.

A primeira obra do pintor flamengo em Génova, a Circuncisão para o altar-mor da igreja jesuíta de S. Ambrogio, terá sido encomendada por Nicolò Pallavicino, um dos principais credores do Duque.
A senhora retratada, Marchesa Maria Serra, é esposa de Pallavicino. O esplendor do vestuário é impressionante, Maria Serra é-nos apresentada como soberana, e não apenas como membro da elite da República de Génova. Tendo em consideração a sumptuosidade deste retrato, representativa da grandeza da nobreza genovesa, é provável que esta obra de Rubens seja um gesto de gratidão aos Pallavicino, quer do próprio pintor, quer, indirectamente, do Duque de Mântua. Explica-se assim o facto de Pallavicino vir a ser o padrinho de baptizado do segundo filho de Rubens, após a conclusão do quadro em 1606...

O quadro encontra-se em Kingston Lacy, Dorset, Reino Unido (pertença National Trust).

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