sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Leilão polémico


Quatrocentos mil euros, mais coisa menos coisa, era o valor que se esperava obter com o leilão de peças que foram pertença de Fernando Pessoa e que ontem decorreu no CCB. No final, as expectativas ficaram muito aquém do previsto para não falar da polémica que se instalou durante a sessão. O director municipal da Cultura da Câmara de Lisboa, Rui Pereira, interrompeu o leilão apresentando uma providência cautelar relativamente a 25 lotes pertencentes à biblioteca do poeta que entre 1986 e 1989 teriam sido adquiridos pelo Município à sua família pelo valor de 32 mil contos. Mas como o documento carecia de carimbo da edilidade, a leiloeira (P4 Photography) considerou-o nulo, pelo que prosseguiu com a sessão(a providência cautelar terá sido apresentada num tribunal de Comarca de Lisboa). O lote 18 dizia respeito ao arremate do contrato de arrendamento do primeiro piso alugado ao poeta na Rua Coelho da Rocha, cujo valor estimava-se que pudesse atingir os 5 mil euros. Foi arrematado por um particular pelo valor de três mil, levando um representante da Câmara a exercer de imediato direito de opção. Assim, este lote deverá passar a constar do espólio do equipamento cultural municipal Casa Fernando Pessoa. Quanto ao dossier Pessoa-Crowey, a leiloeira esperava atingir 100 mil euros, mas foi arrematado pelo preço base de licitação de 50 mil. Desconhece-se o comprador. Vários lotes foram retirados por não haver licitação e outros foram arrematados pelo seu preço-base.
Será que esta é a história de uma novela que promete episódios ainda mais quentes?

2 comentários:

  1. Acho lamentável que o património do maior poeta português (ou um dos maiores) não seja adquirido pelo Estado para que todos os possamos ver de vez em quando ou os possamos consultar.
    A.R.

    ResponderEliminar
  2. Mais um episódio pouco edificante na novela Pessoa.
    Ainda continuamos a ser o país do carimbo, apesar dos Magalhães.

    ResponderEliminar