sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A família de Erik Satie


Satie. Desenho de Jean Cocteau.

RECANTOS DA MINHA VIDA
A origem dos Satie
talvez se perca no mais remoto dos tempos. Sim... Quanto a isso, não posso confirmar nada nem desmentir...
Não é porém família que tenha pertencido à Nobreza, suponho eu (nem mesmo à do papa); e também julgo que os seus membros eram bons, modestos e sempre agradecidos servidores, outrora honra e prazer (para o bom senhor do servo, bem entendido). Sim.
Ignoro o que fizeram os Satie durante a Guerra dos Cem Anos; e também não tenho informação nenhuma sobre que atitude e parte tomaram na dos Trinta Anos (de entre as nossas guerras, uma das mais belas).
Descanse em paz a memória dos meus velhos ascendentes. Sim...
[...]

Erik Satie
In: Memória de um amnésico / trad. Alberto Nunes Sampaio. Lisboa: Hiena, 1992, p. 31

5 comentários:

  1. Não conhecia.

    "Não é porém família que tenha pertencido à Nobreza, suponho eu (nem mesmo à do papa)e também julgo que os seus membros eram bons, modestos e sempre agradecidos servidores, ..."

    Gostei deste pedaço de prosa.
    As pessoas valem por aquilo que constroem...
    A.R.

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  2. Pois então eu nasci de geração espontânea, algures num dia do passado mês de Julho. Já vêem que família é coisa que não existe...

    Mas mudando de registo: acho este texto uma delícia. Eu também me estou «nas tintas» para os meus ascendentes que, para além de uns bisavós, desconheço. E também nunca me preocupei em saber mais. Há coisas com que vivo bem: com a minha família real, CONCRETA!, na qual se incluem alguns amigos (escolhidos), e sem religião.
    E as pessoas que escavam a família e encontram uns assassinos, uns escroquesitos, etc., vêm depois contar essas «manchas»? Não me parece...

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  3. Mas às vezes a genealogia proporciona agradáveis surpresas, e nem todos os que a ela se dedicam o fazem à procura de um remoto sangue azul ou de um trisavô visconde.

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  4. Ninguém nasce de geração espontânea em qualquer mês de Julho, Miss Tolstoi. O que somos tem uma parte que nos vem de muitas gerações atrás,nos genes,sejam escroquesitos, como diz, ou heróis e santos, agricultores ou nobres. E sabê-lo e não ter vergonha é que é importante para nos conhecermos. É a história da nossa família que, como a História, tem bom e tem mau.

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  5. Adorei o seu comentário João Mattos e Silva.
    Tenho familia, tenho bons e mau genes de certeza e não tenho vergonha!
    No entanto, percebo a Miss Tolstoi porque por vezes a família está distante... que quase não existe.
    A.R.

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