segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os livros em Portugal - 1

" (...) A sobreprodução editorial, sem fim à vista, dá ao espectáculo um aspecto exasperado, onde se consuma sem pudor a lei da economia que tem sido transposta para outros campos: a má moeda expulsa a boa moeda.
Vítimas graves da regra da expulsão são os livros de ciências humanas e sociais. Neste campo, a pobreza é de tal ordem que podemos falar de uma operação de extermínio silencioso. E as colecções de poesia, que tinham um peso com algum relevo no fluxo editorial, entraram nítidamente numa fase de abrandamento. A homogeneização é total e tudo se conforma aos padrões de um público maioritário. Dir-se-ia que esta é uma corrida suicida, mas enquanto houver muitos livros na livraria poucos se apercebem do que se passa neste campo devastado.(...) "

- António Guerreiro, in EXPRESSO, de 27 de Dezembro.

9 comentários:

  1. Tinha lido este artigo e fizera-me impressão... porque vejo nele reflectido o "extermínio silencioso" dos livros de Ciências Sociais e Humanas.
    Impõe-se a leitura de entretenimento em detrimento da que faz pensar, equacionar, criar. A análise de António Guerreiro causa tristeza.
    A.R.

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  2. O que me preocupa mais é saber quem faria a escolha do que se deve ou não publicar. Tenho sempre receio dos gostos obrigatórios.Prezo muito o Guerreiro, um dos melhores críticos que temos, mas este artigo, apesar de ter alguns argumentos fortes, também me despertou sentimentos contraditórios.

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  3. O lixo que se edita é aterrorizador. E será que tem leitura? Algum sei que sim, mas as centenas de livros que se editam? E a alguns livros, que não são lixo, põem-lhes umas capas para vender, que passamos por eles como se fossem porcarias. Já me tem acontecido, falarem-me de determinado livro. Quando o vou comprar até ja o tinha visto, mas não tinha ligado nenhuma... com uma capa daquelas. É estúpido, eu sei!

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  4. Há leitura de entretenimento e há leitura de entretenimento... A maioria dos romancistas clássicos não entram na leitura de entretenimento? Eu acho que sim, por isso os lemos e relemos.

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  5. Concordo que há entretenimento e entretenimento mas os clássicos, para mim, têm sempre uma mensagem que ultrapassa a leitura para diversão. Por isso, leio e releio, Goethe, Proust, Wilde, Tomasi di Lampedusa, Thomas Mann,Eça, Alexandre Herculano... e tantos outros. Descobri Tolstoi, que por causa da descrição imensa dos personagens me afastou mas, que agora acho delicioso.
    A conotação que dei a entretenimento foi a da leitura para pura diversão como também li: O Senhor dos Anéis é um exemplo e gostei muito.
    A.R.

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  6. Nunca li «O Senhor dos Anéis».
    Mas a literatura para mim é diversão, é prazer, para além do que aprendemos.
    Tolstoi é sublime e todos os que indicou dão-nos prazer e por isso os relemos.

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  7. Acho que anda aqui uma confusão entre leitura e literatura.
    O lixo que se edita não é só na literatura, também anda por aí nas Ciências Sociais e Humanas. Já viram a quantidade de porcaria que se publica na área da política, da história, da arte,...?
    Quantos aos autores que a A.R. indica, li-os todos por prazer, mesmo o Herculano que comecei a ler por obrigação.
    Tolstoi é um caso à parte, também para mim. Já li o «Guerra e Paz» na totalidade mais de uma vez, e partes dele nem sei quantas. Sempre por puro entretenimento!
    Profissionalmente, faço leituras diversificadas, e destas também procuro tirar o máximo prazer.
    Acho que, de livre vontade, nunca relemos um livro de que não tenhamos gostado. Nem um poeta.
    O entretenimento não tem nada a ver com o lixo. E só pelo entretenimento, pelo prazer, se conseguirá «caçar» novos leitores, quando eles descobrirem os mundos em que poderão entrar através da leitura.
    Também não li «O Senhor dos Anéis», nem vi o filme. Mas conheço quem leu e parece que não é tão linear assim...
    M.

    Já aqui vai um grande tratado. Acho que vou ler o artigo do António Guerreiro.

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  8. Cara M,
    Concordo que ler é sempre puro prazer, quando me referia à leitura dos clássicos que ultrapassa a leitura para a diversão, é porque neles há algo sempre de sério e profundo que nos faz pensar.
    Em relação ao Senhor dos Anéis que adorei, é verdade não é assim tão linear. Tolkien inventou uma linguagem para o universo literário que criou com a trilogia do Senhor dos Anéis(era professor de linguística na Universidade de Leeds). Nesta obra tal como no Hobbit ele viaja pela mitologia anglo-saxónica. Não é uma obra simples, pelo contrário é complexa e acarreta valores morais e éticos.
    Ideais como lealdade, honra, fraternidade,... no entanto, não posso colocá-lo no mesmo degrau do Thomas Man, por exemplo. São de natureza diferente.
    talvez o problema que aqui encontrei com o desenrolar dos comentários se prenda com o significado que cada um dá às palavras. Ler para mim também é sempre diversão no sentido que ler é prazer.
    Há muito lixo que é pura diversão: li Ursula Le Guin, a Trilogia de Terramar que são histórias do fantástico.
    Quanto aos filmes do Senhor dos Anéis vi todos e adorei mas os livros são melhores.
    Nas Ciências Sociais também há lixo é necessário fazer sempre uma selecção.
    Bom vou parar porque já está enorme este comentário.

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  9. A seguir a éticos não existe parágrafo, foi gralha.
    A.R.

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