EIS-ME
Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face.
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio.
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque és de todos os ausentes o ausente.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919 -2004)
Gosto muito da Sophia de Mello Breyner Andresen. Este poema é lindo.
ResponderEliminarA.R.
Maravilhoso!
ResponderEliminarBom Ano!
M.
Sophia é a própria poesia- Já não me lembro quem escreveu esta frase mas seja quem for estava certo.
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