quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Poesia e prosa de Natal - 25

Ao repto de MR todos respondemos. Começou com David Mourão - Ferreira e
e é também com ele que termina, neste dia de Natal



Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios!
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão - Ferreira
(1927 - 1996)

2 comentários:

  1. Lindo...lindo.

    "E a corrida que siga, o facho não se apague!
    Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
    Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
    para sentir no peito a rosa reflorida!"

    Os quatro versos mais bonitos do poema. Obrigada pela sua selecção ao longo desta quadra.
    A.R.

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