CIRCUM -NAVEGAÇÃO
Depois do amor há rendas e sargaço
Na praia mar do leito em desalinho
Um golpe de luar macula o linho
Das velas amainadas no abraço
Um ciciar de sombras nas paredes
A cada vigília do cansaço
Enquanto no olhar um voo lasso
Vai cerzindo outra vez as velhas redes
Os dedos como remos esquecidos
Sulcam na praia a faina do início
Bolinar entre azul e precipício
Descobrindo de novo sóis perdidos
Memória de mil gestos repetidos
De quem cumpre no amor o seu ofício
Cândido José de Campos
(1949 - )
O mar da forma mais bonita, o mar-amor. Lindo.
ResponderEliminarVou trocar por outro poema que li hoje no poemário da Assírio & Alvim:
CRESO
Sentença de Sólon, o corvo sábio:
a felicidade inscreve-se no epitáfio.
O conto não tem prefácio. Muitas páginas
depois, em jejuns ou em prosápia,
as nalgadas da parteira e os alfinetes-de-ama
revelam a malícia que nos precipitou
no erro em que fomos prosperando; o grande
reino destruído não era persa, era lídio.
José Alberto Oliveira (1952)
In, O Que Vai Acontecer?, Poemário da Assírio & Alvim, 18/01/09.
A.R.