Numa das recentes edições da Visão Viagens, o visionário francês da moda convida a um périplo por uma Paris diferente, digamos que pela Paris profunda. Fiquem também a pertencer à galeria dos grandes conhecedores da Cidade-Luz:
“Há 17 anos que tenho uma casa na minha zona favorita de Paris – perto de Pigalle, no 9º bairro. Agora à medida que as pessoas descobrem as suas pérolas arquitectónicas e a sua cultura, tornou-se tão popular que até ganhou um diminutivo próprio – SoPi, derivado de Sul de Pigalle.
(…) Mas há também uma atmosfera muito animada, e estão a abrir hotéis muito interessantes. Podemos ficar no Amour – nome muito apropriado mas engraçado, um pouco como o Costes.
(…) Menos dispendioso é o Arvor Saint Georges… O proprietário aprecia o estilo anos 60 e os quartos são principalmente brancos com rasgos de cor.
(…) A padaria Rose, anglo-francesa, onde vou muitas vezes tem bolos fantásticos, tal como a famosa e antiga pastelaria Les Petits Mitrons, na Rue Lepic. Poucas pessoas se apercebem de que esta zona foi tão famosa para os artistas como o foi a Margem Esquerda, mas muitos anos antes. (…) Ainda hoje podemos sentir essa atmosfera quando caminhamos por ruas como a Rue de Notre Dame de Lorette, onde Delacroix, em tempos, teve um estúdio e onde Gauguin nasceu. A Rue de la Tour des Dames e a Place Saint Georges são lugares fantásticos para deambular. A Fundação Dosne-Thiers, uma biblioteca e museu de artefactos napoleónicos, é uma bela mansão com salas enormes, algo delapidadas mas ainda elegantes. O meu museu preferido é o Musée de l’Erotisme, que esperaríamos encontrar em Pigalle: é inspirador e divertido e alguns dos objectos são tão invulgares que se tornam hilariantes. Depois temos também o Musée de la Vie Romantique, que tem menos a ver com romance e mais com o Romantismo e os artistas do movimento romântico local. Também há o encantador Musée Gustave-Moreau, na casa onde este viveu. E adoro também o pouco conhecido museu de cera Grévin. As figuras de cera propriamente ditas são horríveis – na minha, pareço Picasso, mas sem o génio – mas a Sala dos Espelhos, criada nos anos 20, dá-nos uma experiência autenticamente art deco de selva de feira popular com luzes e cores que mudam, animais e aranhas que surgem de repente, e sons da selva. Quando estiver com fome, dirija-se à Casa Olympe, um pequeno restaurante com alguns dos melhores pratos caseiros franceses country-style.
(…) Se adora art nouveau, Mollard é uma brasserie com fabulosas peças de cerâmica originais de Edouard Niermans. Também gosto da famosa brasserie Vaudeville, perto da Bolsa, com decoração e atmosfera dos anos 20. É agradável caminhar na espaçosa Avenue Trudaine e há um óptimo mercado na Rue dês Martyrs, onde se misturam excelentes produtos naturais com bancas de antiguidades e de livros em segunda mão. No coração de Pigalle, Montmartre é outra área onde adoro passear. É o ponto mais alto de Paris e tem vistas fabulosas, semelhantes apenas às que se contemplam do terraço do meu quartel-general na Rue Saint Martin, que fica diante do Sacré Coeur. Continua a haver lixo turístico e falsos artistas, mas alguns jovens pintores e designers muito interessantes têm-se instalado nas ruelas em torno da Place du Tertre. Aqui poderá encontrar excelentes lojas vintage como Chez Mamie e pequenas brasseries, elegantes mais tradicionais como Les Deux Moulins, que pudemos ver no filme Amélie.
(…) Mas o Divan du Monde é um pequeno auditório que apresenta boas sessões de jazz aos domingos. Depois temos os clubes. O meu favorito é o Lily la Tigresse, um clube de strip clássico do SoPi. Mas se quiser ver mesmo de onde deriva a minha inspiração, visite o grande mercado no Boulevard Rochechouart, perto dos armazéns Tati. É uma colorida colisão de culturas e ambientes, mais ou menos como combinar rendas finas e tecidos baratos. Esta é a minha Paris…".
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