quarta-feira, 18 de março de 2009

Edgar Allan Poe, Jorge Luís Borges.

O post de MR lembrou-me de ir buscar este poema.


Edgar Allan Poe

Pompas de mármore, negra anatomia
Ultrajada plos sepulcrais,
Do triunfo da morte os glaciais
Símbolos reuniu. Não os temia.
Temia a outra sombra, a amorosa,
As banais alegrias de outra gente;
Não o cegou o metal resplandecente
Nem pedra sepulcral, mas sim a rosa.
Do outro lado do espelho e do reflexo
Entregou-se sozinho ao seu complexo
Destino de inventor de pesadelos.
Talvez do outro lado dessa morte
Ainda construa, solitário e forte,
Prodígios mais atrozes e mais belos.

Jorge Luís Borges, “O Outro, o Mesmo” in Obras Completas II, 1952-1972, Lisboa: Editorial Teorema, p. 290

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