Santa Teresa de Ávila, ou Santa Teresa de Jesus, nasceu em Gotarrendura (Ávila, Espanha) a 28 de Março de 1515, tendo falecido em Alba de Tormes, a 4 de Outubro de 1582. Ficou famosa pelas suas obras místicas e pela reforma da Ordem do Carmelo.
Bernini - O êxtase de Santa Teresa, 1647-1652
Roma, Igreja Santa Maria da Vitória
VIVO SEM VIVER EM MIM
Vivo sem viver em mim
e tão alta vida espero,
que morro por não morrer.
Vivo já fora de mim,
depois que morro de amor,
porque vivo no Senhor,
que me quis só para si.
Meu coração lhe ofereci
pondo nele este dizer:
Que morro por não morrer.
Esta divina prisão
do amor em que hoje vivo,
tornou Deus o meu cativo
e livre meu coração.
E causa em mim tal paixão
Deus meu prisioneiro ver,
que morro por não morrer.
Ai, que longa é esta vida!,
que duros estes desterros!,
esta prisão, estes ferros
em que a alma está metida!
Só esperar a saída
causa em mim tanto sofrer,
que morro por não morrer.
Ai, que vida tão amarga,
Sem se gozar o Senhor!,
Porque, se é doce o amor,
Não é a esperança larga.
tire-me Deus esta carga,
pesada a mais não poder,
que morro por não morrer.
Somente com a confiança
vivo de que hei-de morrer,
porque, morrendo, o viver
me assegura minha esp’rança.
Oh morte que a vida alcança,
não tardes em me aparecer,
que morro por não morrer.
Olha que o amor é forte:
vida, não sejas molesta;
pra ganhar-te só te resta
perder-te, sem que me importe.
Venha já a doce morte,
venha já ela a correr,
que morro por não morrer.
A vida no alto activa,
que é a vida verdadeira,
até que seta não nos queira,
não se goza estando viva.
Não me sejas, morte, esquiva;
Só pla morte hei-de viver,
que morro por não morrer.
Como, vida, presenteá-lo,
o meu Deus que vive em mim,
se não perdendo-te a ti,
pra melhor poder gozá-lo?
Quero, morrendo, alcançá-lo,
pois só dele é meu querer:
que morro por não morrer.
Santa Teresa d’Ávila
In: Antologia da poesia espanhola do Siglo de Oro / trad. José Bento. Lisboa: Assírio & Alvim, 1993, vol. 1, p. 123-124
Bernini - O êxtase de Santa Teresa, 1647-1652
Roma, Igreja Santa Maria da Vitória
VIVO SEM VIVER EM MIM
Vivo sem viver em mim
e tão alta vida espero,
que morro por não morrer.
Vivo já fora de mim,
depois que morro de amor,
porque vivo no Senhor,
que me quis só para si.
Meu coração lhe ofereci
pondo nele este dizer:
Que morro por não morrer.
Esta divina prisão
do amor em que hoje vivo,
tornou Deus o meu cativo
e livre meu coração.
E causa em mim tal paixão
Deus meu prisioneiro ver,
que morro por não morrer.
Ai, que longa é esta vida!,
que duros estes desterros!,
esta prisão, estes ferros
em que a alma está metida!
Só esperar a saída
causa em mim tanto sofrer,
que morro por não morrer.
Ai, que vida tão amarga,
Sem se gozar o Senhor!,
Porque, se é doce o amor,
Não é a esperança larga.
tire-me Deus esta carga,
pesada a mais não poder,
que morro por não morrer.
Somente com a confiança
vivo de que hei-de morrer,
porque, morrendo, o viver
me assegura minha esp’rança.
Oh morte que a vida alcança,
não tardes em me aparecer,
que morro por não morrer.
Olha que o amor é forte:
vida, não sejas molesta;
pra ganhar-te só te resta
perder-te, sem que me importe.
Venha já a doce morte,
venha já ela a correr,
que morro por não morrer.
A vida no alto activa,
que é a vida verdadeira,
até que seta não nos queira,
não se goza estando viva.
Não me sejas, morte, esquiva;
Só pla morte hei-de viver,
que morro por não morrer.
Como, vida, presenteá-lo,
o meu Deus que vive em mim,
se não perdendo-te a ti,
pra melhor poder gozá-lo?
Quero, morrendo, alcançá-lo,
pois só dele é meu querer:
que morro por não morrer.
Santa Teresa d’Ávila
In: Antologia da poesia espanhola do Siglo de Oro / trad. José Bento. Lisboa: Assírio & Alvim, 1993, vol. 1, p. 123-124
Estive muito tempo sentada em frente a esta escultura belíssima de Bernini!
ResponderEliminarÉ linda como tudo que ele esculpiu. Um dia destes coloco talvez, a Daphne e Apolo.
O poema também é bonito
Esta escultura é das mais belas que conheço - é deslumbrante!
ResponderEliminarE a poesia de Santa Teresa de Ávila é belíssima. Falo no geral.
Sempre achei um tema muito interessante este dos êxtases místicos.
ResponderEliminarAmanhã porei outro, também belíssimo.
ResponderEliminarTem razão MR, esta escultura é deslumbrante não só pelo trabalho de escultura, mas também, pelo simbolismo, pela beleza e pelo movimento que dela emana.
ResponderEliminarA.R.
Lindo poema que tornou-se canção na voz de Giuni Russo.
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=tbvktQ_IkHY&feature=related
Desconhecia. Obrigada pela informaão. :)
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