Se passa a nossa vida como sombra,
Se num momento desaparece a vida,
Porque estimais, senhora, tanto a vida
Correndo triste como leve sombra?
Ai vida, que, passando como sombra,
Mostras que não se pode chamar vida
Esta pesada e tempestuosa vida
Que em todo estado corre mais que sombra.
Já me desenganei que a vida corre,
A morte é certa, a conta estreita, o prémio
Alto e subido, e o castigo eterno.
Ditoso aquele que imagina e corre
Isto que tanto importa, pois o prémio
Será subido, e o castigo eterno.
Duarte Dias, Várias obras em língua portuguesa e castelhana,
Madrid, 1592
Saragoça, 1596
A vida é uma sombra.
ResponderEliminarO soneto é bonito.
A.R.