Nocturno en do sostenido menor de Chopin, Wladyslaw Szpilman
DIA
Uma noite, esteve a ponto de se dar uma catástrofe. A culpa era de Golda. Ela tinha levado o seu filho com ela. Uma criança de mama com poucos meses. O bebé começou a chorar, colocando assim a vida de todos em perigo. Golda tentou acalmá-lo, e adormecê-lo. Em vão. Então , os outros, aos quais Golda também se tinha juntado, voltaram-se para Schmuel e disseram-lhe: « Fá-lo calar-se. Trata dele, tu cuja profissão é degolar pintos. Saberás fazê-lo sem que ele sofra muito». E Schmuel rendeu-se à razão: a vida de um bebé contra a vida de todos. Ele agarrou na criança. No escuro, os seus dedos tacteantes tinham procurado o pescoço. E tinha-se feito silêncio no céu e sobre a terra. Só os cães continuavam a ladrar, ao longe.
Elle Wiesel - Dia, Lisboa: Texto Editora, 1961, p.74
gosto do nocturno do Chopin, detestei o texto
ResponderEliminarJ.
É preciso ter estômago para ler o Ellie Wiesel. Ou então "forrá-lo" antes de começar a leitura...
ResponderEliminarEfectivamente, não é de leitura fácil. Ainda por cima, quando sabemos que há muito de vivido na escrita de Wiesel...
ResponderEliminarO Wiesel é terrível, o Canetti pior. Voltarei a eles um dia destes por uma razão que verão.
ResponderEliminarGostei de Memória a duas vozes, conversas entre ele - Wiesel - e Mitterrand sobre a morte. O primeiro teve a experiência que se sabe e o segundo esperava-a.
M.