sábado, 18 de abril de 2009
Amor vivo
Amar! mas dum amor que tenha vida…
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida…
Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser – e não só beijos
Dados no ar – delírios e desejos –
Mas amor… dos amores que têm vida…
Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia…
Nem murchará do sol à chama erguida…
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores… se têm vida?
O mesmo poema, com variantes:
Amar! mas duns amores que têm vida…
Não serão vagos, trémulos harpejos,
Não serão só delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida…
Hão-de ver! e, como a luz fundida
Penetrar o meu ser – não serão beijos
Dados no ar – delírios e desejos –
Mas amor… dos amores que têm vida…
Com eles hei-de andar no mundo: o dia
Não pode vir fundi-los nos meus braços
Como névoas ideais de fantasia.
Nem os dissipa o sol co’a luz erguida…
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores… se têm vida?
Antero de Quental
In: Sonetos. Lisboa: Marujo, 1986, p. 55, 172
Quanto a mim, prefiro a primeira versão aqui apresentada.
Antero faria hoje 167 anos.
Tinha olhos azuis! - não há aqui uns amantes de olhos azuis?
ResponderEliminarE não vai haver a Casa Antero de Quental ou fui eu que sonhei?
ResponderEliminarSim, dizem que tinha olhos azuis...
ResponderEliminarSim, em Vila do Conde, a Câmara adquiriu e está a recuperar a casa onde ele viveu algum tempo. Agora vamos a ver o que vão lá colocar, para além do Centro de Estudos Anterianos.