«A andorinha, sem hesitação, apoderou-se das nossas habitações; aloja-se sobre as nossas janelas, sob os beirais dos nossos tectos, nas nossas chaminés. Não tem receio algum de nós. Dir-se-ia que se fia na sua asa incomparável: mas não; ela edifica o ninho e cria os filhos ao nosso alcance. Eis aqui por que se nos tornou senhora da casa. Não se assenhoreou só da casa, também nos activa a afeição. […]
«Ela gira sem descansar, plira infatigavelmente em torno do mesmo espaço e no mesmo lugar, descrevendo uma infinidade de curvas graciosas, que variam, mas sem se afastar. […]
«O povo vê na andorinha o relógio natural, a divisão das estações e das duas grandes horas do ano. Pela Páscoa e pelo S. Miguel*, nas épocas das reuniões, das feiras, dos mercados, dos arrendamentos e dos bailes, aparece a andorinha, branca e negra e prediz-nos o tempo.
«Ela vem interromper a estação passada e marcar a nova.»
Jules Michelet
In: A ave / trad. F. L. Lopes. Lisboa: Nova Livr. Internacional, 1876, p. 121-122
*O dia de S. Miguel comemora-se a 29 de Setembro.
Não pude deixar de me lembrar desta poesia, que vinha num dos livros da Primária. Alguém se recorda?
ResponderEliminarOS NINHOS
Os passarinhos,
tão engraçados,
fazem os ninhos
com mil cuidados.
São p’ra os filhinhos
que estão p’ra ter
que os passarinhos
os vão fazer.
Nos bicos trazem
coisas pequenas,
e os ninhos fazem
de musgo e penas.
Depois, lá têm
os seus meninos,
tão pequeninos
ao pé da mãe.
Nunca se faça
mal a um ninho,
à linda graça
de um passarinho!
Que nos lembremos
sempre também
do Pai que temos,
da nossa Mãe!
Afonso Lopes Vieira
Claro que me lembro. Até tinha uma canção, que não consigo trautear.
ResponderEliminarE de uma outra poesia de Afonso Lopes Vieira - «Os passarinhos» - que começa assim:
Que bonitos, que engraçados,
que pequenos, coitadinhos,
os estouvados
dos passarinhos!
A sua vida é cantar,
voar,
brincar pelo ar,
e alegrar
com seus chilreios
tão cheios
de graça e boa alegria
a luz do dia!
[...]