quarta-feira, 27 de maio de 2009

Esboço para um retrato do Verdadeiro Libertino, Roger Vailland !

O post de João Soares com o filme Ligações Perigosas fez-me recordar este livro. Fui tirá-lo da estante e aqui está para partilhar convosco um livro que li em 1979. É uma verdadeira delícia...
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"O AMOR é também um prazer.

O amor-prazer não se confunde necessariamente com aquilo a que é costume chamar-se os prazeres do amor. Situá-lo-íamos naturalmente no oposto quando confere a Valmont a máscara inquieta do estratega ou quando faz gemer de dor as brancas vítimas dos Cento e vinte dias de Sodoma (Sade).


O amor-prazer opõe-se tão rigorosamente ao amor-paixão como a liberdade à escravatura. Eis porque se chama ao primeiro libertinagem e ao segundo paixão, isto é, facto suportado, recebido, imposto, «padecido».
No amor-paixão, o agente, aquele que age, é Eros. Os dois amantes atingidos pelas suas flechas são os pacientes. Estes aceitam passivamente o curso inexorável de um destino que não escolheram.
O libertino, pelo contrário, escolhe o objecto do seu prazer".

Roger Vailland, gesso, 42x35x30 cm (HxLxP)

Roger Vailland, Esboço para o Retrato do Verdadeiro Libertino (Tradução Vítor Silva Torres), Lisboa: & etc, 1976, p. 9-10.

2 comentários:

  1. Nunca li este livro de Roger Vailland, mas as suas memórias estão pejadas de reflexões sobre o amor, a libertinagem, etc. Do que me lembro, talvez seja melhor dizer, de situações para nós reflectirmos.
    Há muito tempo que não o leio, mas foi um dos escritores da minha juventude.
    M.

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  2. Galdérice, como dizia a minha avó. Por acaso dizia isso de muito menos...

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