" (...) Acontece-me, por vezes, ao voltar de uma dessas curtas tréguas que nos deixa a luta comum, pensar em todos os recantos da Europa que conheço bem. É uma terra magnífica, feita de sacrifícios e de história. Revejo as peregrinações que fiz com todos os homens do Ocidente. As rosas nos claustros de Florença, as tulipas douradas de Cracóvia, o Hradschin com os seus paços mortos, as estátuas contorcidas da ponte Karl sobre o Ultava, os delicados jardins de Salzburgo.
Todas essas flores, essas pedras, essas colinas e essas paisagens onde o tempo dos homens e o tempo da natureza confundiram velhas árvores e monumentos! A minha memória fundiu essas imagens sobrepostas para delas formar um rosto único: o da minha pátria maior. (...) "
- Albert Camus, Terceira carta ( Abril de 1944 ) , in Cartas a um amigo alemão, Editora Livros do Brasil, 1ª edição, Lisboa, Novembro de 2003.
Descobri ontem na Feira do Livro estas Cartas a um amigo alemão. Li-as compulsivamente, e só me fizeram engrandecer a opinião que tinha sobre Camus que, além de todos os outros, tem para mim o mérito de ter sido um europeísta convicto.
Achei esta passagem da Terceira Carta muito oportuna para este Dia da Europa. Para mim, a Europa é também a minha pátria maior.
Nunca li, mas com esta chuva já não sei se vou à Feira do Livro. Se for, tentarei comprá-lo.
ResponderEliminarNa minha juventude, li muito Camus. Depois...
Gosto de Camus. Adorei este seu post.
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