60 anos de uma nação: 1976

A 25 de Abril, é inaugurado o Palácio da República (Palast der Republik) em Berlim Oriental. Resultado de 32 meses de construção, o gigantesco edifício será a sede do “Parlamento da RDA” (Volkskammer) e deverá, no entender do partido comunista SED, comprovar que “o nosso trabalho serve o bem-estar dos cidadãos”. Treze restaurantes, um plenário com uma capacidade para 5.000 pessoas, um teatro e uma galeria de arte são apenas alguns dos ex-libris deste palácio de que a RDA viria a orgulhar-se. O 9. congresso da SED realiza-se neste espaço poucos dias após a abertura. Já após a reunificação, o edifício viria a ser encerrado por conter quantidades excessivas de amianto no seu interior. Em 2008, seria definitivamente demolido.

A terrorista Ulrike Meinhof é encontrada morta na sua cela de prisão a 9 de Maio. Duas autópsias independentes concluem que Meinhof se suicidou por enforcamento. O isolamento dentro do grupo de detidos da RAF no estabelecimento prisional de Stammheim terá estado na origem do suicídio. Uma manifestação pacífica após o funeral em Berlim conta com a presença de 4000 participantes.

Um clássico da televisão infantil encanta as crianças alemãs a partir de Setembro: a abelha Maia e seus companheiros marcam presença à quinta-feira ao longo de 104 episódios. A inteligente e insolente protagonista, nascida dos romances de Waldemar Bonsels, escritos entre 1912 e 1915, conta com uma comunidade de fãs fiéis que atinge 4 milhões de telespectadores. Ainda hoje, o saudoso tema principal da banda sonora, interpretado pelo checo Karel Gott, é cantarolado por miúdos e graúdos.

A campanha eleitoral para as legislativas de Outubro é marcada pela recessão económica global, provocada pelos choques petrolíferos, e pelo aumento do défice público nos cofres da RFA. O candidato do partido conservador CDU, Helmut Kohl, desafia o actual chanceler Helmut Schmidt e destaca a competência da CDU na resolução de problemas económico-financeiros. O SPD de Schmidt contrapõe com a dureza e eficácia com que o seu chanceler combate o terrorismo. Os conservadores alcançam com 48,6 % dos votos o seu segundo melhor resultado eleitoral desde 1949. Ainda assim, a coligação entre os sociais democratas e os neo-liberais dispõe de votos e deputados suficientes para manter o poder no Bundestag de Bona. Poucos anos depois, Kohl viria a suceder a Schmidt e entrar na História como “chanceler da reunificação”.

Imagens: Palast der Republik, Berlim Oriental; Ulrike Meinhof nos anos 60: a abelha Maia; Kohl vs Schmidt