quarta-feira, 24 de junho de 2009

60 anos de uma nação: 1981

O tribunal de Lübeck é palco de um dos mais mediáticos incidentes judiciais do pós-guerra: Marianne Bachmeier dispara, em plena audiência, uma arma contra o homicida da sua filha e acaba por matá-lo com oito balas. O réu, Klaus Grabowski, já anteriormente condenado por vários delictos sexuais, admitira ter estrangulado a menina de sete anos. A opinião pública mostra-se solidária com o acto vingativo de Bachmeier: milhares de cartas e donativos que ascendem a 100.000 marcos manifestam o apoio da população. Bachmeier é condenada a seis anos de prisão, mas viria a cumprir apenas três anos. Numa declaração pública posterior, viria a confessar ter minuciosamente preparado o acto contra Grabowski, contrariando assim a tese anterior de um crime passional.

Poder, intrigas e mentiras, são os ingredientes da série Dallas que inicia o seu percurso brilhante em Junho deste ano: 16 a 18 milhões de alemães seguem o destino dos heróis da Southfork-Ranch à terça-feira. O vilão principal, J. R. Ewing, faz das suas numa narrativa que usa e abusa da paciência do telespectador que se confronta muitas vezes com um suspense no último minuto de um episódio, a ser desvendado oito dias depois. Uma das cenas mais caricatas envolve Bobby Ewing que, ao fim de um ano, subitamente ressuscita dos mortos (viríamos todos a saber que Patrick Duffy nunca morreu, pois o seu desaparecimento foi meramente o produto de um sonho da esposa Pamela Ewing...). O panorama televisivo dos anos 80 seria impensável sem os protagonistas de Dallas. 349 episódios constituíram esta saga até 1991.
A Guerra Fria e o seu clima de ameaça e medo levam cerca de 300.000 pessoas a manifestar-se em Bona em Outubro. Personalidades conhecidas, entre elas, o prémio Nobel Heinrich Böll, apoiam os manifestantes que, de forma pacífica, exigem a redução do armamento das duas super-potências. Harry Belafonte canta “We shall overcome” e desafia o Presidente dos Estados Unidos com as seguintes palavras: “Hey, Mr. Reagan, lay down the neutron bomb”. A maioria da população da RFA apoia os objectivos dos organizadores desta marcha pela paz.


Imagens: Marianne Bachmeier; Dallas; Coretta Scott King e Harry Belafonte na manifestação em Bona

2 comentários:

  1. Lembro-me muito bem de não me deixarem ver o Dallas porque passava tarde e não era próprio, e de mais tarde o passar a ver: deve ter sido em torno a este plot rocambolesco do sonho de Pamela Ewing...

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  2. A justiça às vezes leva a actos destes que são condenáveis perante a lei numa sociedade de direito mas, a vontade de apoiar esta mulher dá para aplicar "olho por olho, dente por dente"!

    Vi alguns episódios do Dallas, era muito jovem, mas não gostei e deixei de ver aquele "soap". No entanto, fez história e não só nacional pelos vistos!

    Fantástico relembrar a manifestação contra o armamento e a guerra fria! Adoro o "We shall overcome".
    A.R.

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