Canto X
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E não sei por que influxo de Destino
Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes
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Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;Pera servir-vos, braço às armas feito,
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pres[s]aga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,
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Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
Luís de Camões, Os Lusíadas, Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa, sd.
A verdadeira litania para os tempos da revolução
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Burgueses somos nós todos
ó literatos burgueses
somos nós todos ratos e gatos Mário Cesariny
Mário nós não somos todos burgueses
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os gatos e os ratos se quiseres,
os literatos esses são francesese
todos soletramos malmequeres.
Da vida o verbo intransitivo
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não é burguês é ruim;
e eu que nas nuvens vivo nuvens!
o que direi de mim?
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Burguês é esse menino extraordinário
que nasce todos os anos em Belém
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e a poesia se não diz isto Mário
é burguesa também.
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Burguês é o carro funerário.
Os mortos são naturalmente comunistas.
Nós não somos burgueses Mário
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o que nós somos todos é sebastianistas.
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Natália Correia, inéditos
São tantos os escritores a dizerem bem quantos os que dizem mal.
ResponderEliminarJ.