quinta-feira, 2 de julho de 2009

60 anos de uma nação: 1987

Os projectos reformadores de Perestrojka e Glasnost de Gorbatschow são recebidos com muitas reservas por parte dos responsáveis políticos da RDA. São, por isso, excluídos da ordem de trabalhos da cimeira que reúne os chefes de Estado dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia em Berlim Oriental a 29 de Maio. Há todavia unanimidade quanto ao objectivo de um desarmamento contínuo. Parece assim realizável a hipótese de um desarmamento mútuo das duas super-potências. Na verdade, Reagan e Gorbatschow viriam a assinar o tratado em Dezembro deste ano que previa a destruição de todos os mísseis nucleares de médio alcance. Começa o fim da Guerra Fria.

A cidade de Berlim festeja o seu 750º aniversário. Apesar da aproximação entre os Estados Unidos e a União Soviética, celebram ambas as partes a efeméride separadamente. Berlim Oriental orgulha-se da reconstrução do bairro Nikolai à volta da igreja homónima, a mais antiga de Berlim. Um cortejo monumental a 4 de Julho mostra a história da cidade e dá provas do progresso que o socialismo alcançou no entender dos organizadores.


O sector ocidental contrapõe com a inauguração do Deutsches Historisches Museum. Ponto alto das festividades é um concerto ao ar livre diante do Reichstag em que participam os grandes nomes internacionais da música pop da época, entre eles, David Bowie, os Eurythmics e os Génesis. Um dos altifalantes, virado para leste, atrai jovens de Berlim Oriental que, separados do concerto pelo muro, assistem ao espectáculo à distância. A polícia da RDA, a Volkspolizei, reage com preocupação pelo entusiasmo dos jovens: registam-se confrontos entre os fãs e os agentes, 200 jovens são detidos. Poucos dias depois, viria Ronald Reagan a Berlim Ocidental e exigir de Gorbatschow: "Tear Down this Wall".

Schleswig-Holstein, o Estado da RFA junto à fronteira com a Dinamarca, é palco de um escândalo que rapidamente abala toda a república: o semanário Der Spiegel anuncia publicar, um dia após as eleições estaduais, um artigo sobre manipulações eleitorais da autoria de Uwe Barschel, o actual primeiro-ministro conservador deste Estado. Segundo a revista, Barschel terá dado instruções ao seu assessor de imprensa com vista a observar a vida particular de Björn Engholm, líder do partido da oposição social-democrata, e a sabotar a campanha eleitoral do adversário. Barschel nega as acusações. Numa conferência de imprensa, cinco dias após o escrutínio, dá mediática e pateticamente a sua “palavra de honra” que as alegações são simplesmente falsas. As investigações posteriores indiciam o envolvimento de Barschel neste escândalo que se demite do cargo a 2 de Outubro. A 11 de Outubro, é encontrado morto numa banheira do seu quarto de hotel em Genebra. As circunstâncias – homicídio ou suicídio – nunca viriam a ser esclarecidas.
Imagens: Gorbatschow; Berlim, igreja S. Nicolau (Nikolaikirche); Ronald Reagan em Berlim; Uwe Barschel

1 comentário:

  1. Continua uma fase de sucesso na evolução dos acontecimentos, está quase a chegar o ano da queda do muro.
    Graças.
    A.R.

    ResponderEliminar