"Platão não duvidou de a equiparar à oratória: e num dos seus diálogos magníficos envolve nos mesmos louvores os que guisam e apresentam bem as ideias e os alimentos. Tal era a cultura, o fino engenho, a influência social dos cozinheiros, que a Grécia, resumindo em símbolos compreensíveis e populares as glórias da sua civilização, celebrou ao lado dos seus sete sábios os seus sete cozinheiros. O maior deles era Aegis, de Rodes, o único mortal que tem sabido assar sublimamente um peixe. Outro era Nereu, de Quio, cuja sopa de congro foi cantada por poetas, e recompensada em toda a Ática com coroas cívicas. Outro ainda, Aftonetes, de Atenas, levantou a tal perfeição a ciência dos molhos que, para o possuir como chefe de cozinha, os reis travaram entre si longas guerras..."
Eça de Queirós, A cozinha Arqueológica, Lisboa: Compendium, (prefácio Manuela Rêgo), 1998, p. 21-22.
Sem comentários:
Enviar um comentário