sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sobre o proverbial egoísmo dos escritores...

Escritor



Telefonava-lhe a meio da noite. Não importava a hora, precisava. Ela acordava sobressaltada. Ele dizia: "Sou eu." Ela dizia: "És tu?" fingindo espanto.

Ele dizia disparates. Ela ficava a ouvir.



Isto durou alguns meses. Até ele acabar o romance que estava a escrever. Depois deixou de telefonar. Ela primeiro ficou triste e depois procurou um namorado que não fosse escritor.



- Pedro Paixão, Do mal o menos ( oito livros reunidos ) , Cotovia , 2000.

1 comentário:

  1. Gosto do Pedro Paixão, embora prefira outros. Li uns dois ou três livros dele.
    A.R.

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