A localidade normanda de Deauville dispensa apresentações exaustivas. Situada na chamada Côte Fleurie da Baixa-Normandia, mantém o estatuto de uma das mais belas estâncias francesas, não obstante as condicionantes climatéricas pouco favoráveis em comparação com as das concorrentes mediterrânicas. Graças à iniciativa do Duque de Morny, meio-irmão de Napoleão III, iniciaram-se em 1858 as obras para a construção de um “reino de elegância” a ultrapassar a beleza da vizinha Trouville. Em apenas quatro anos, surgiu então Deauville com palácios e moradias em estilo neo-normando. Concluída a ligação ferroviária a Paris, a aristocracia da capital francesa e do mundo inteiro descobriu um novo local de requinte.
As primeiras décadas do século passado consolidaram a posição de Deauville que viu nascer hotéis de luxo, um casino e o famoso passeio Les Planches que parcialmente acompanha a praia de 3 km de comprimento. Do rol de hóspedes notável refiram-se Josephine Baker, Coco Chanel, Mistinguett, Tristan Bernard e André Citroën. A literatura dificilmente podia ignorar Deauville ou outras referências turísticas próximas como Cabourg, onde Proust, poucos anos antes, procurava o tempo perdido no quarto nº 414 do Grand Hôtel desta localidade ...
As primeiras décadas do século passado consolidaram a posição de Deauville que viu nascer hotéis de luxo, um casino e o famoso passeio Les Planches que parcialmente acompanha a praia de 3 km de comprimento. Do rol de hóspedes notável refiram-se Josephine Baker, Coco Chanel, Mistinguett, Tristan Bernard e André Citroën. A literatura dificilmente podia ignorar Deauville ou outras referências turísticas próximas como Cabourg, onde Proust, poucos anos antes, procurava o tempo perdido no quarto nº 414 do Grand Hôtel desta localidade ...
O que resta destes tempos áureos? A arquitectura testemunha as diferentes épocas de vivência social, desde a traça neo-normanda, a elegância do estilo Haussmann, a delicadeza da Belle Époque aos caprichos des Années Folles. As autoridades locais orgulham-se de uma Deauville versátil que pretende oferecer as comodidades modernas ao público, nunca desprezando o passado glorioso. Tal modernidade manifesta-se em vários aspectos, quer negativos, quer positivos: a globalização “invadiu” a pequena cidade e tornou, lamentavelmente, o centro numa réplica do Faubourg St. Honoré parisiense, onde as grandes marcas francesas e internacionais se instalaram. As montras das lojas de Deauville em nada diferem das congéneres em Paris, Milão ou Roma. No entanto, e a par desta descaracterização, existe um conjunto de medidas bem-sucedidas: o desporto equestre, uma das modalidades praticadas por excelência em Deauville, continua a atrair os grandes nomes da especialidade no hipódromo Clairefontaine.
E, claro, não nos esqueçamos do contributo significativo da Sétima Arte: dos vários festivais, destacam-se naturalmente as jornadas dedicadas ao cinema americano que, desde 1975, decorrem todos os anos no início de Setembro. O glamour volta à Normandia, e Deauville equipara-se a uma “sucursal” de Hollywood.
Uma última referência cinematográfica, indispensável na óptica de quem se apaixonou pelas películas dos anos 60: em 2006, por ocasião do 40º aniversário do filme “Un homme et une femme”, a autarquia decidiu homenagear o realizador desta obra-prima. A Place Claude Lelouch recorda, desde então, a passagem de Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant pela cidade de Deauville que, segundo o guia oficial publicado pelo município, ficará eternamente associada ao romantismo. Outra faceta (moderna?) de Deauville...
Uma última referência cinematográfica, indispensável na óptica de quem se apaixonou pelas películas dos anos 60: em 2006, por ocasião do 40º aniversário do filme “Un homme et une femme”, a autarquia decidiu homenagear o realizador desta obra-prima. A Place Claude Lelouch recorda, desde então, a passagem de Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant pela cidade de Deauville que, segundo o guia oficial publicado pelo município, ficará eternamente associada ao romantismo. Outra faceta (moderna?) de Deauville...
Obrigado. A viagem correu bem? Bom regresso.
ResponderEliminarGostei do roteiro que delineou. Bom regresso.
ResponderEliminarJá regressou? Gostou?
ResponderEliminarJá coloquei uma das músicas de Um homem e uma mulher em «Os meus franceses». Gostava de rever este filme, mas parece-me ser impossível pois Claude Lelouch renegou-o. Era fraco, mas representativo de uma época e com dois actores que adoro: Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant.
E, claro, espero um dia ir a Deauville.
Não conheço a Normandia. Gostou?
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