Em 1925, actua como chorus girl numa das muitas produções das Scandals de George White na Broadway que marcaram o início de carreira de várias estrelas, tais como de Ethel Merman ou Eleanor Powell. Ainda nesse ano, dança o Charleston no lendário Café de Paris de Londres. Regressada à Broadway, é convidada a representar um papel em “Louie the 14th” de Flo Ziegfelds. As produções Ziegfeld Follies, inspiradas no Follies Bergères de Paris e em permanente coexistência rival com as Scandals, acolhem Brooks durante um ano. Charlie Chaplin terá visto Louise numa das representações. Consta que ambos viveram um curto affair estival…
O seu desempenho em A Girl in Every Port de Howard Hawks, em que seduz dois homens ao mesmo tempo, torna-se decisivo na sua carreira: G. W. Pabst descobre Louise e encontra assim a protagonista ideal para o papel de Lulu, o personagem principal na adaptação cinematográfica da tragédia de Frank Wedekind “A caixa de Pandora” que o realizador alemão leva a cabo em Berlim. O filme e sua leading woman vivem um sucesso internacional fascinante, e o duo Pabst / Brooks dá à luz o Diary of a lost girl.
Os anos seguintes espelham uma vida sem norte: desde bailarina em night-clubs e participações secundárias em quatro filmes a vendedora nuns armazéns de Nova Iorque, o fracasso profissional junta-se a uma relação com o milionário Deering Daves, condenada ao curto prazo de seis meses. Overland Stage Raiders com o ainda desconhecido John Wayne seria a última aparição da senhora do Kansas.
Já nas décadas de 50 e 60, revemos Brooks em peças televisivas a testemunhar os tempos longínquos de Hollywood: um verdadeiro achado é a produção da BBC Movie go round de 1965; Richard Leacock e David Gill registam na sua série Hollywood uma Brooks em roupão que associa a impiedade da maquinaria dos grandes estúdios, por si sofrida, ao exemplo da Clara Bows.
A tentativa mais bem sucedida contra o esquecimento público ocorre no início dos anos 80 quando é publicado um conjunto de artigos e ensaios da autoria de Louise, intitulados Lulu in Hollywood, sobre Humphrey Bogart, Lillian Gish, Greta Garbo ou Charlie Chaplin. A qualidade da escrita é reconhecida: Lulu in Hollywood torna-se num bestseller para surpresa do mundo literário.
Recordar Louise Brooks significa o tributo devido a uma época única, repleta de rostos que não necessitavam de diálogos (We didn't need dialogue! We had faces!” , Gloria Swanson). Recordar Louise Brooks significa o encontro com uma mulher que alicerçou o seu mito em apenas dois filmes, no seu look inconfundível, bem como na sua rebeldia, feminilidade e vivência escandalosa. Nem o curriculum profissional incompleto nem o percurso pessoal inconstante conseguiram destruir esta aura.
Louise Brooks faleceu a 8 de Agosto de 1985 em Rochester (Nova Iorque) devido a uma paragem cardíaca. O isolamento do mundo foi a sua derradeira companhia.
E estou estupefacto mais uma vez com a sincronicidade que reina por toda a parte. Pela primeira vez, penso eu, fala-se dela no blogue, e eu ainda anteontem falava dela a um amigo brasileiro que me dizia ser hoje impossível a tradução que foi usada ao tempo no Brasil para a "Caixa de Pandora" : " A Boceta de Pandora "...
ResponderEliminar