Christopher Peachment - Caravaggio. Lisboa: Temas e Debates, 2004
Um romance biográfico, escrito na primeira pessoa. Foi um dos piores livros que li e o mínimo que posso dizer: SÓRDIDO, pese embora a própria vida do pintor.
Um amigo - grande apreciador de Caravaggio - a quem o quis empandeirar, devolveu-mo depois de lido. A seguir o destino do livro foi o lixo. Foi a única vez que fiz isso a um livro. M.
Se a personagem é sórdida o autor está a contar a escrever a estoria pelo ponto de vista dele tem de pintá-lo como um vilão, um ser detestável e não como um herói.
Poderá haver outras versões da mesma personagm mais soft, mas o interesse está precissamente em saber compará-las. A vida não se compõe apenas de personagens boas. Também há as nojentas. E é preciso escrevê-las, descrevÊ-las e entrar dentro delas para as percebermos. Gosto muito do primeiro capítulo deste livro, em que ele fala sobre os pais e que é a chave para a formação do ser que vemos transformar-se ao longo do romance.
É a construção de um discurso interior do pensamento de um ser perverso que imagina alguém como ele a ouvi-lo. Só.
É certo que eu não conseguiria imaginar um discurso semelhante, não me consigo pôr no lugar desta pessoa. Mas havendo alguém que o consiga fazer porque não?
acha que um ser que é tarado sexual, que sofre de soberba e que despreza a humanidade porque não o adora - Luciferino, portanto - iria usar de linguagem cavalheiresca. Esta é a construção de um Caravaggio mefistofélico.
Já li Sade e Pasolini e vi alguns filmes deste último e não há comparação possível. Parece não perceber que, para mim, uma coisa são os temas e as personagens, outra coisa é a escrita (em si) ser sórdida. E por aqui me fico.
boa tarde, fiquei com muita curiosodade e vontade de ler esta biografia por razões profissionais, alguém me sabe indicar onde poderei encontrá-la. Sei que não será reeditada na Temas e debates e não a encontro em nenhúm alfarrabista.
Não conheço, mas pelos vistos não vale a pena perder tempo com ele.
ResponderEliminarUm amigo - grande apreciador de Caravaggio - a quem o quis empandeirar, devolveu-mo depois de lido. A seguir o destino do livro foi o lixo. Foi a única vez que fiz isso a um livro.
ResponderEliminarM.
Se a personagem é sórdida o autor está a contar a escrever a estoria pelo ponto de vista dele tem de pintá-lo como um vilão, um ser detestável e não como um herói.
ResponderEliminarPoderá haver outras versões da mesma personagm mais soft, mas o interesse está precissamente em saber compará-las. A vida não se compõe apenas de personagens boas. Também há as nojentas. E é preciso escrevê-las, descrevÊ-las e entrar dentro delas para as percebermos. Gosto muito do primeiro capítulo deste livro, em que ele fala sobre os pais e que é a chave para a formação do ser que vemos transformar-se ao longo do romance.
Há belíssimas biografias de Caravaggio em que não o descrevem como um santo, bem longe disso. A escrita de Peachment é que é abjeta.
ResponderEliminarÉ a construção de um discurso interior do pensamento de um ser perverso que imagina alguém como ele a ouvi-lo. Só.
ResponderEliminarÉ certo que eu não conseguiria imaginar um discurso semelhante, não me consigo pôr no lugar desta pessoa. Mas havendo alguém que o consiga fazer porque não?
acha que um ser que é tarado sexual, que sofre de soberba e que despreza a humanidade porque não o adora - Luciferino, portanto - iria usar de linguagem cavalheiresca. Esta é a construção de um Caravaggio mefistofélico.
Mas se acha isto abjecto experimente ler Sade.
ou Pasolini.
ResponderEliminarJá li Sade e Pasolini e vi alguns filmes deste último e não há comparação possível.
ResponderEliminarParece não perceber que, para mim, uma coisa são os temas e as personagens, outra coisa é a escrita (em si) ser sórdida. E por aqui me fico.
Cláudia Sousa Dias,
ResponderEliminarSe puder leia a biografia que Andrew Graham-Dixon escreveu sobre Caravaggio: Caravaggio: a life sacred and profane.
Já li essa biografia. É extrordinária.
ResponderEliminarPLFF
PLFF,
ResponderEliminarA biografia ficcionada de Peachment ou a biografia escrita por Andrew Graham-Dixon? Esta é, na verdade, muito boa.
boa tarde, fiquei com muita curiosodade e vontade de ler esta biografia por razões profissionais, alguém me sabe indicar onde poderei encontrá-la. Sei que não será reeditada na Temas e debates e não a encontro em nenhúm alfarrabista.
ResponderEliminarmuito obrigada
Marta Carreiras,
ResponderEliminarEncontrei-a aqui:
http://www.bulhosa.pt/livro/caravaggio-christopher-peachment/?from_page=Redirecionamento+da+Listagem
Não sei onde vive, mas talvez a consiga ler numa biblioteca pública.
Depois dê-nos a sua impressão sobre o livro.
Boa tarde!