A caminho do Inferno, Paris, séc. XVNão me Peçam Razões...
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Há montes de anos que não lia nenhum destes «Poemas possíveis». Acho, aliás, que foi o único livro de poemas que ele publicou.
ResponderEliminarGostei!
M.
O poema é lindo e fez-me lembrar esta ilustração de Goya O sonho da razão
ResponderEliminarA ilustração intitula-se:
ResponderEliminar"O Sonho da Razão produz monstros"
Então não podemos deixar a Razão adormecer.
ResponderEliminarObrigado Ana
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