Se me Perguntarem das Artes
Se perguntarem das artes do mundo?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos
recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas do fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até outros dias, as
noites
caem dentro dos dias – e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.
Herberto Hélder, in Mário Soares: os poemas da minha vida, Lisboa: Público, 2005, p. 166
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