sexta-feira, 18 de setembro de 2009


ESCUSA-SE AO CÉU
COM A CAUSA DO SEU DELÍRIO

Pois se para os amar não foram feitos,
Senhor, aqueles olhos soberanos,
Porque, por tantos modos, mais que humanos,
Pintando os estiveste tão perfeitos?

Se tais palavras e se tais conceitos,
Tão divinas, tão longe de profanos
Não destes por oráculo aos enganos,
Com que amor vive nos mais altos peitos,

Porque, Senhor, tanta beleza junta,
Tanta graça e tal ser lhe foi deitado,
Qual ídolo nenhum gozara antigo?

Mas como o respondeis a esta pergunta?
Que ou para desculpar o meu pecado,
Ou para eternizar o meu castigo?

- D. Francisco Manuel de Melo

1 comentário: