segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Inês de Castro...

Fonte no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça,
morada de D. Inês de Castro e de D. Pedro
x Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus formosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.

(...)

Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito

(Se de humano é matar uma donzela,

Fraca e sem força, só por ter sujeito

O coração a quem soube vencê-la),

A estas criancinhas tem respeito,

Pois o não tens à morte escura dela;

Mova-te a piedade sua e minha,

Pois te não move a culpa que não tinha.

(...)

Queria perdoar-lhe o Rei benigno,

Movido das palavras que o magoam;

Mas o pertinaz povo e seu destino

(Que desta sorteo quis) lhe não perdoam.

Arrancam das espadas de aço fino

Os que por bom tal feito ali apregoam.

Contra uma dama, ó peitos carniceiros,

Feros vos amostrais e cavaleiros?

Versos retirados do Canto III de "Os Lusíadas" (Estrofes 120, 127, 130).

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