Em Setembro de 1940 estreava-se o film Jud Süss de Veit Harlan. O público alemão e italiano saudou com aplausos a película no Festival de Veneza a 5 de Setembro. Duas semanas depois, convidados de alto “gabarito” assistiram à estreia em solo germânico, no Palácio da Ufa em Berlim.
O regime alemão classificou Jud Süss como “particularmente precioso sob ponto de vista político e artístico” e “recomendável para a juventude”. Goebbels “glorificou-o" como o “primeiro filme realmente antisemita”. O ministro de propaganda do Reich dera instruções para a realização do filme em 1939. A produção, sob o controlo permanente de Goebbels, conseguira recrutar nomes conhecidos da época, entre eles, Heinrich George, Kristina Söderbaum e Ferdinand Marian nos papéis principais, bem como Veit Harlan como realizador. Segundo as investigações históricas, terá Goebbels insistido na concretização de Jud Süss, com vista a convencer o Führer definitivamente do seu apoio incondicional. O matrimónio ariano "exemplar" de Goebbels com Magda encontrava-se em perigo, dado o affair do ministro com a actriz Lida Baarova.
O regime alemão classificou Jud Süss como “particularmente precioso sob ponto de vista político e artístico” e “recomendável para a juventude”. Goebbels “glorificou-o" como o “primeiro filme realmente antisemita”. O ministro de propaganda do Reich dera instruções para a realização do filme em 1939. A produção, sob o controlo permanente de Goebbels, conseguira recrutar nomes conhecidos da época, entre eles, Heinrich George, Kristina Söderbaum e Ferdinand Marian nos papéis principais, bem como Veit Harlan como realizador. Segundo as investigações históricas, terá Goebbels insistido na concretização de Jud Süss, com vista a convencer o Führer definitivamente do seu apoio incondicional. O matrimónio ariano "exemplar" de Goebbels com Magda encontrava-se em perigo, dado o affair do ministro com a actriz Lida Baarova.
A transposição da narrativa para os interesses da ideologia nazi não foi difícil. Harlan deturpa perfidamente os factos históricos do romance homónimo de Lion Feuchtwanger de 1925, autor judeu que viria a emigrar da Alemanha. Integra apenas os aspectos que, historicamente não comprovados, servem a campanha difamatória do regime. Oppenheimer é fonte de atrocidades, vícios e crimes. Os atributos negativos exteriores e interiores que a propaganda via no judaismo, concentram-se todos neste personagem: a população do século XVIII confronta-se com o sacrifício dos impostos, da autoria de Oppenheimer. A luxúria a que o duque sucumbe, é incentivada por Oppenheimer. A bela e pura Dorothea é violada, por Oppenheimer evidentemente. O castigo no final é naturalmente merecido. Desnecessário referir que a monstruosidade de Oppenheimer manifesta-se no aspecto físico do actor, em total colisão com a fisionomia de Dorothea, epítomo da raça ariana com os seus cabelos loiros e os olhos azuis, interpretada pela sueca Kristina Söderbaum, esposa de Harlan.
Jud Süss tornou-se de exibição obrigatória diante das tropas na frente Leste e dos membros da Schutzstaffel (SS), encarregados da vigilância dos campos de concentração. Tornou-se igualmente num êxito de bilheteira: registou 6,2 Mio. de Reichsmark até 1945. Cumpria o propósito da maquinaria do regime: agitava a população alemã contra judeus. Se os crimes praticados à comunidade judaica, a culminar horrivelmente nos campos de extermínio, carecessem de explicação, Jud Süss parecia dar as justificações necessárias.
Ambígua continuou a posição do realizador Veit Harlan após a derrota da Alemanha em 1945. Acusado por crimes contra a Humanidade, Harlan afirmava ter apenas servido os interesses da arte, e não os da NSDAP. Sentimentos de culpa eram-lhe alheios e incompatíveis com a ambição profissional. Todavia, foi ilibado. Em contrapartida, sua esposa, Kristina, manifestou arrependimento. Numa autobiografia em 1983, lemos as seguintes palavras (tradução não literal): Só Deus saberá da dimensão de culpa que todos nós que participámos neste filme, carregamos connosco. Não nos deu a força de um Maximilian Kolbe, de um Dietrich Bonhoeffer e de todos os resistentes anónimos. Manteve-nos fracos, cobardes até, e por isso cumprimos uma missão terrível. Julgará então Deus, se a fraqueza também é culpa.
Imagens: cartaz de Jud Süss; a figura histórica de Joseph Süss Oppenheimer; o romance homónimo de Lion Feuchtwanger; Ferdinand Marian (Jud Süss) e Kristina Söderbaum (Dorothea Sturm); Goebbels e Veit Harlan (no centro)
Como sempre: fantástica reportagem e, para mim, algumas novidades.
ResponderEliminarMuito obrigada Filipe.
Quando comecei a ver o post, mesmo antes de chegar ao meio, disse para comigo é do Filipe Nicolau.
Parabéns!
Parabéns por teres lembrado este terrível filme, que foi um grande utensílio na máquina de propaganda nazi.
ResponderEliminarNunca vi este filme. E não fiquei com muita vontade...
ResponderEliminarM.