O meu desejo era mandar-te prosa
cheia de cor, de brilho, de relevo,
na pequenina folha cor-de-rosa
deste papel vulgar em que te escrevo.
Palavras de ternura? Não me atrevo.
Se penso numa frase carinhosa
arrependo-me logo: - «Não… Não devo…»
E a página sai fria, dolorosa.
Lamentas-te. Bem sei que tens razão.
Quero escrever, falar, e não consigo…
Vê que perturbadora comoção!
E, contudo, tu tens de compreender
o que eu, por mais que faça, te não digo;
o que eu não sou capaz de te escrever.
Virgínia Vitorino
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