quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Novidades - 76 : Saramago ao ataque

Está à venda desde segunda-feira o mais recente livro de José Saramago, Caim, que versa sobre a figura deste filho segundo de Adão e Eva, mas que vai além da história do mau filho e pior irmão do livro primeiro do Antigo Testamento, sendo mais um ajuste de contas do nosso Nobel com a Igreja Católica.
Tenho acompanhado a polémica que até já atravessou as nossas fronteiras, desde logo no Parlamento Europeu pela mão dos euro-deputados portugueses Edite Estrela e Mário David.
Esta manhã, ouvindo, como de vez em quando o faço, o Fórum da TSF, percebi que podemos estar perante uma nova polémica Saramago/Igreja de Roma. Entendo as palavras proferidas na antena da TSF por Zeferino Coelho, editor de Saramago e que tenho por homem sério, no sentido de que não se trata de um golpe de marketing, mas também achei muito sábias as palavras de Anselmo Borges, um dos nossos melhores teólogos, no sentido de explicitar o pensamento da Conferência Episcopal Portuguesa: os bispos não estão contra o livro, que é uma obra de arte, mas sim sobretudo contra as declarações proferidas por Saramago contra a Igreja Católica, designadamente o que foi dito em Penafiel aquando da apresentação do livro.
E Anselmo Borges tocou noutro ponto que para mim é essencial: Saramago não traz nada de novo com este livro. Denunciar as contradições internas de alguns livros do Antigo Testamento? Denunciar este como um repositório de imensa violência? Nada disto é novo, e tem sido objecto de estudo de gerações de exegetas.
Dizer que a Bíblia é "um manual de maus costumes" como Saramago tem dito, sem especificar sequer se fala do Antigo ou do Novo Testamento, é uma provocação primária no meu modesto entender.
Apesar do que disse Zeferino Coelho, uma coisa é certa: a polémica não prejudicará as vendas.
Quanto a mim, não o comprarei. Não por preconceito, mas porque não gostei dos excertos que já tive oportunidade de ler. Tenho coisas muito melhores para ler.

2 comentários:

  1. Não o comprarei porque a temática não me atrai.
    Estou, neste momento, a ler A viagem do elefante.
    M.

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  2. Também não vou ler porque me irritou a postura de Saramago.
    Dizer que a Bíblia é "um manual de maus costumes" sem contextualizar, como refere o teólogo, é no mínimo provocatório.
    Não percebo a posição de Saramago!
    O que é que quer provar? Que é o sabedor da virtude, ou que o homem a atinge sem o seu aperfeiçoamento?
    ???

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