Abade de Jazente
Padre de ofício, poeta nas horas vagas, Paulino António Cabral ( 1719-1789 ), mais conhecido por Abade de Jazente, foi autor de sucesso no seu tempo, tendo conseguido a proeza de vender, em menos de seis meses, 2.000 exemplares do seu primeiro livro ( POESIAS ) impresso, em 1786, no Porto.
Os seus temas são do quotidiano, a linguagem é chã e directa, mas da sua leitura ressalta um poeta original que, além de pastorear as almas da freguesia de Jazente, “apascentava”, também, alguns corpos femininos, como o de Nize (sua musa predilecta, Inês da Cunha), e nunca perdia de vista o dia a dia do seu mundo rural: “Depois que desta Aldeia no retiro / A vide pódo, enxerto o Catap’reiro, /Cultivo o meu Casal, e do Ribeiro / Eu mesmo as águas para o Campo tiro…”; bem como se insurgia contra os preços dos géneros ou satirizava, de forma bem humorada, os costumes época:
“A trinta e cinco réis custa a pescada,
O triste bacalhau a quatro e meio,
A dezasseis vinténs corre o centeio,
Do verde a trinta réis custa a canada.
A sete e oito tostões custa a carrada
Da torta lenha, que do monte veio;
Vende as sardinhas o galego feio
Cinco ao vintém; e seis pela calada.
O sujo regatão vai com excesso,
Revendendo as pequenas iguarias,
Que da pobreza são todo o regresso.
Tudo está caro: só em nossos dias,
Graças ao Céu! Temos em bom preço
Os tremoços, o arroz, e as Senhorias.”
Padre de ofício, poeta nas horas vagas, Paulino António Cabral ( 1719-1789 ), mais conhecido por Abade de Jazente, foi autor de sucesso no seu tempo, tendo conseguido a proeza de vender, em menos de seis meses, 2.000 exemplares do seu primeiro livro ( POESIAS ) impresso, em 1786, no Porto.
Os seus temas são do quotidiano, a linguagem é chã e directa, mas da sua leitura ressalta um poeta original que, além de pastorear as almas da freguesia de Jazente, “apascentava”, também, alguns corpos femininos, como o de Nize (sua musa predilecta, Inês da Cunha), e nunca perdia de vista o dia a dia do seu mundo rural: “Depois que desta Aldeia no retiro / A vide pódo, enxerto o Catap’reiro, /Cultivo o meu Casal, e do Ribeiro / Eu mesmo as águas para o Campo tiro…”; bem como se insurgia contra os preços dos géneros ou satirizava, de forma bem humorada, os costumes época:
“A trinta e cinco réis custa a pescada,
O triste bacalhau a quatro e meio,
A dezasseis vinténs corre o centeio,
Do verde a trinta réis custa a canada.
A sete e oito tostões custa a carrada
Da torta lenha, que do monte veio;
Vende as sardinhas o galego feio
Cinco ao vintém; e seis pela calada.
O sujo regatão vai com excesso,
Revendendo as pequenas iguarias,
Que da pobreza são todo o regresso.
Tudo está caro: só em nossos dias,
Graças ao Céu! Temos em bom preço
Os tremoços, o arroz, e as Senhorias.”
Post. de Alberto Soares (a quem agradeço a colaboração que tem dado a este Blogue, que também é seu)
Obrigada Alberto Soares,
ResponderEliminarAdorei a "linguagem chã e directa" e achei graça ao pastorear das almas e ao "apascentar" "também, alguns corpos femininos".
Não era só em Jazente, próximo de Coimbra há muitas histórias semelhantes para o século XVII e XVIII. Julgo que foram inspiradoras do Eça.
Ana
E fica dada a deixa a Alberto Soares com estas palavras do Jad...
ResponderEliminarEspero que aceite o convite.
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