Sentado num degrau húmido e coberto de musgo, mesmo ao pé da azenha que há muito deixou de rodar, pouco a pouco, como no meio de uma neblina de Verão, vejo regressar Joana d' Arc e, a partir dela, tudo o que evoca esses tempos de sonho e aventura, as catedrais góticas com o seu calafrio de sombras em banda desenhada, o Príncipe Valente e o seu traje comprido de saia e espada, os da Távola Redonda em corcéis brancos, o perfil esplêndido de Jean Marais num filme de Marcel Carné, o sorriso irrepresentável de Leonor de Aquitânia no seu encontro fulminante com Bernard de Clairvaux. E o corcunda de Notre-Dame, a entrada do Delfim em Reims, o monge de Cister; Egas Moniz de baraço ao pescoço e a padeira de Aljubarrota; Abelardo e Heloísa, Rolando em Roncesvales, a coroa de Carlos Magno. (...) "
- António Mega Ferreira, A História in O QUE HÁ-DE VOLTAR A PASSAR, Assírio&Alvim, 2003.
Para o Saul António Gomes, sempre gentil, sempre generoso.
Gostei imenso deste trecho.
ResponderEliminarAna