quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Boa noite!

DEBUSSY

Minha sombra silenciosa
vai pela água da acéquia.

Na minha sombra estão as rãs
privadas das estrelas.

A sombra manda ao meu corpo
reflexos de coisas quietas.

Minha sombra vai como imenso
mosquito cor de violeta.

Cem grilos querem dourar
a luz da cana-brava.

Uma luz nasce em meu peito,
reflectido, da acéquia.

Federico García Lorca
In: Obra poética / trad. José Bento. Lisboa: Relógio d'Água, 2007, p. 169

7 comentários:

  1. Para MR:
    sem querer passar por Inquisidor-Geral de traduções em poesia, creio que deve haver qualquer coisa de errado no penúltimo dístico do poema "Debussy", traduzido por José
    Bento. O original de Lorca diz:
    "Cien grillos quieren dorar
    la luz de la cañavera."(pg.386-Ed.
    Aguilar). Portanto,devia ser:
    "Cem grilos querem dourar
    a luz do canavial."
    Sem discutir a qualidade de tradutor de José Bento, ou há outra versão do poema (mas "cama"
    também não faz muito sentido no contexto do poema),ou, então, foi
    uma enorme gralha.
    À palavra "acéquia",talvez para evitar o preciosismo, eu teria preferido a simplicidade de "açude".
    Mas isto já é uma opinião subjectiva.
    Com os melhores votos do
    Alberto Soares

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  2. Sem querer meter a foice em seara alheia deve ser uma gralha:

    Cem grilos querem dourar
    a luz da cana-brava


    o m e o n encontram-se lado a lado no teclado.
    J.

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  3. APS,
    Tem toda a razão!
    Houve aqui duas gralhas de transcrição seguidas. Já o Jad me tinha falado nisto.
    «a luz da cama, brava.» é: «a luza da cana-brava.»
    Vou emendar no post.
    Obrigada!

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  4. E saiu outra gralha:
    «a luz da cana-brava.», como o Jad deduziu.

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