Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão. Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo fdp!!!!
(Carlos Drummond de Andrade)
Terá havido mudança de título?
ResponderEliminarEu estava a guardar, com alguma dúvida em o vir a incluir, quando viesse a abordar o C.D.de A., um poema de humor negro, que é uma "pérola", para mim.
Mas acho que vai agora:
"O Sátiro
Hildebrando insaciável comedor de galinhas./
Não as comia propriamente - à mesa.
Possuía-as como se possuem
e se matam mulheres.
Era mansueto e escrevente de cartório./"
Cordialmente,
A.S.
Respondendo...
ResponderEliminarNão, não houve, mudança de título. Não o coloquei...
Já ontem andou aí num comentário:
ResponderEliminar«Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.»
Maravilhoso Drummond de Andrade!
Belíssimo texto. Gosto muito de Drummond de Andrade.
ResponderEliminarSerá que o "Bilhete de Identidade" tem seguidores aqui no blogue?
ResponderEliminarSangue, não! Veja lá não desgrace a sua vida! Já sabemos que gosta de pão; também gosta de laranjas?
Viva o Drummond!
ResponderEliminarCara Miss Tolstoi. Gosto mais de ostras..., mas também já gostei muito de laranjas, em especial do sumo...
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